A família do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, morto no último domingo, 9, na área rural de Esplanada, na Bahia, afirmou que irá recorrer à Justiça baiana para que seja realizado um novo exame cadavérico do corpo do ex-capitão do Batalhão Especial de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (Bope), desta vez por um perito particular. A família estaria insatisfeita com o laudo que afirma que o ex-militar teria morrido em consequência de uma “anemia aguda secundário à politraumatismo”. O mesmo pedido fora negado pela Justiça fluminense.
O impasse sobre o que seria feito com o corpo de Adriano teve início quando aumentaram as suspeitas de que ele teria sido vítima de execução. A reportagem de capa desta semana de VEJA trouxe fotos do corpo do ex-capitão que reforçam suspeitas de que ele foi morto com tiros disparados à curta distância – o que contraria a versão oficial da polícia baiana. As imagens também sugerem que, antes de morrer, Adriano da Nóbrega pode ter sofrido violência.
Onde está o corpo de Adriano?
Desde sua morte, a localização do corpo de Adriano segue envolta em mistério. Na terça-feira 11, um integrante do governo Witzel contou a VEJA que o ex-policial seria cremado às 12h do dia seguinte. O Cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio, onde aconteceria a cremação, confirmou: só estava aguardando o sinal verde da família. Mas, no dia 12, a Justiça do Rio negou o pedido da própria família para a realização da cerimônia. Alegou que a cremação violava a lei: ela a proíbe quando a morte não é natural.
Funcionários do cemitério do Caju disseram a VEJA que o sepultamento deveria ocorrer às 10h de quinta-feira 13. “A expectativa é de que seja enterro, e não cremação”. A Polícia Civil não informava onde estava o corpo. O Instituto Médico Legal (IML) disse que lá não era. VEJA ligou para mais de uma dezena de crematórios, funerárias e cemitérios da cidade: o corpo de Adriano não estava em nenhuma delas.
Nesta sexta 14, depois de circular a informação que o corpo de Adriano estaria no IML do Rio, a Polícia Civil voltou a negar que o miliciano estaria no local.
Com reportagem de Bruna Motta