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Fenômeno das fake news está superdimensionado, disse Boechat em fórum

No encontro Amarelas ao Vivo, em 2018, âncora morto nesta segunda-feira afirmou que tecnologia que propaga mentiras é também antídoto para desmascará-las

Por Redação
Atualizado em 12 fev 2019, 10h12 - Publicado em 11 fev 2019, 16h48

Morto nesta segunda-feira, 11, na queda de um helicóptero, em São Paulo, o jornalista Ricardo Boechat foi um dos convidados do fórum Amarelas ao Vivo, organizado por VEJA em abril de 2018. Em sua participação, Boechat tratou daquilo que mais entendia: jornalismo profissional, o impacto do ofício na sociedade brasileira e sua relevância em tempo de proliferação de notícias falsas na internet. Na avaliação do jornalista, as fake news são tratadas com uma “dimensão apocalíptica” que não se justifica.

“A sociedade não está tão vulnerável à mentira. Nós esquecemos que a tecnologia que dá essa dimensão à mentira é a mesma que a desmascara”, afirmou na entrevista conduzida pelo redator-chefe de VEJA Fábio Altman. “Tratamos as fake news como se fossem um mal sem cura. Está na própria natureza da notícia falsa a tecnologia, que é o antidoto que a matará no menor tempo do que sempre se propagou.”

Na opinião de Ricardo Boechat, a mentira já foi mais eficaz do que é atualmente. “Hoje há menos gente vivendo sob regimes de força do que houve em qualquer época da humanidade.” Ele minimizou até mesmo o papel que as notícias falsas tiveram na eleição de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos. Para Boechat, a vitória do republicano foi fruto de uma realidade que sempre foi americana. “Fake news tornaram-se um fenômeno, porque emanaram da sede do império”, afirmou em relação à influência global americana.

Sobre o trabalho da imprensa, Ricardo Boechat também disse na ocasião não ver vê mudanças. “Tem que persistir nos fundamentos do jornalismo”, reforçando a necessidade de apuração correta, investigação e edição. Para ele, a novidade é a capacidade que os cidadãos têm hoje de propagar informações com um telefone celular. ”O jornalista que não der a esse personagem o tratamento de protagonista ficará para trás”, avalia.

Confessando já ter caído em “muita fake news“, Boechat relembrou de uma análise que fez sobre a possível candidatura de Luciano Huck baseada na informação de que ele teria o maior salário e cachê já pagos a um apresentador. “Me corrigiram imediatamente e desmenti. Essa é a instantaneidade do antídoto.”

Acidente em SP

O helicóptero, que levava Ricardo Boechat de Campinas a São Paulo, caiu na rodovia Anhanguera, próximo à altura do quilômetro 7 do Rodoanel. Antes da queda, a aeronave se chocou com um caminhão que acabara de deixar uma praça de pedágio. O piloto da aeronave, Ronaldo Quattrucci, também morreu.

O chamado de socorro após o acidente foi feito às 12h14, horário em que os bombeiros comunicaram sobre a queda de uma aeronave por meio de sua conta no Twitter. 

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Em Campinas, o jornalista havia feito uma palestra em encontro da Libbs, empresa da indústria farmacêutica.

Conforme os bombeiros e a concessionária CCR Rodoanel Oeste, responsável pela administração do Rodoanel, o motorista do caminhão foi resgatado de dentro do veículo com ferimentos.

Segundo o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), o helicóptero Bell, matrícula PT HPG, está no nome da RQ Serviços Aéreos Especializados Ltda. e tinha documentação dentro da validade.

Ricardo Boechat era casado com a também jornalista Veruska Seibel e deixa seis filhosBeatriz, 43 anos, Rafael, 39, Paula, 38, Patrícia, 30, Valentina, 14, e Catarina, 11.

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