FHC para Bolsonaro: ‘Que renuncie antes de ser renunciado’
A oposição vinha criticando desde a manhã desta sexta, 24, a troca no Ministério da Justiça e promete protocolar ainda hoje mais um pedido de impeachment
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pediu nesta sexta-feira, 24, em post no Twitter, que o presidente Jair Bolsonaro “renuncie para não ser renunciado” e que ele poupasse o país de um longo processo de impeachment. A declaração foi dada em razão do pedido de demissão de Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública após desentendimento com o presidente em torno do comando da Polícia Federal.
O pedido de demissão repercutiu intensamente no meio político. Além de FHC, parlamentares e representantes de movimentos sociais que apoiam a Operação Lava Jato recorreram às redes sociais para apoiar Moro. Políticos de esquerda estão desde cedo se manifestando nas redes sociais quando a saída de Moro já se mostrava certa. Já apoiadores de optaram pelo silêncio, com exceção do pastor Silas Malafaia, que criticou o presidente: “inadmissível”, escreveu, em relação às acusações de interferência na Polícia Federal.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que o país perde muito com a saída de Moro. “Moro mudou a história do País ao comandar a Lava Jato e colocar dezenas de corruptos na cadeia. Deu sinal de grandeza ao deixar a magistratura, para se doar ainda mais ao nosso País como ministro”, escreveu em uma rede social. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, lamentou a saída e agradeceu Moro. “O Brasil agradece o trabalho e dedicação daquele que trouxe mais esperança para o nosso povo”. Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro, também se manifestou: “assisto com tristeza ao pedido de demissão do meu ex-colega, o Juiz Federal Sergio Moro, cujos princípios adotamos em nossa vida profissional com uma missão: o combate ao crime”.
O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi, lamentou a saída de Moro. “Qualquer demissão agora é ruim, sobretudo em pastas bem-avaliadas. Nosso maior inimigo é a pandemia. Temos de salva vidas. Mais turbulência só prejudica o país”, escreveu em uma rede social. O líder do PSDB na Câmara, o deputado Carlos Sampaio, se referiu à saída de Moro como “ uma sinalização muito ruim à sociedade”.
O senador Alvaro Dias, líder do Podemos, que reúne a maior parte dos parlamentares lavajatistas divulgou nota em que avalia a saída de Moro como “a derrota da ética. “A saída do ministro Sergio Moro do governo, uma opção do Presidente da República, representa o afastamento do governo Bolsonaro do sentimento popular e do combate à corrupção. É a derrota da ética”, informou a nota.
Para o senador Major Olímpio (PSL), a saída de Moro é muito ruim para o Brasil “e ainda pior para o governo Bolsonaro que vai perder muito do apoio dos lavajatistas”. “Moro sempre foi a pessoa pública com maior apoio da população e esse brilho dava um certo desconforto para o presidente”, completou.
A deputada Carla Zambelli (PSL), apoiadora de Bolsonaro e participante ativa na criação do Aliança pelo Brasil, partido que está sendo criado pelo presidente, lamentou a demissão de “seu padrinho de casamento”.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede), líder da oposição na Casa, postou em sua página no Twitter: “Moro tinha dois caminhos p/ escolher e optou servir ao governo mais atrapalhado da história e que não é imune à corrupção! Nós avisamos, nós sabíamos. A interferência na autonomia da Polícia Federal foi só mais um sintoma da doença que é esse governo!” Rodrigues prometeu ainda protocolar hoje um novo pedido de impeachment contra o presidente (há outros 24 protocolados no Congresso).
A ex-ministra Marina Silva escreveu que “o ‘rei’ está nu”.
A ex-ministra Katia Abreu também chamou atenção para a gravidade das acusações feitas por Moro em seu pronunciamento. “Moro acaba de fazer uma “delação premiada”. Ao vivo em coletiva”, escreveu no Twitter.
Entre os apoiadores de Sergio Moro, Rodrigo Chequer, líder do Movimento Vem Pra Rua, criado para fortalecer as ações da operação Lava Jato, se pronunciou em uma rede social. “As acusações de Moro, se confirmadas, indicam crime de responsabilidade. Que comecem as investigações”.