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Fundador de ONG relata clima tenso: ‘Os brigadistas estão com medo’

Projeto Saúde e Alegria, de Eugênio Scannavino, também foi alvo da operação da Polícia Civil do Pará sobre os incêndios no estado

Por Giovanna Romano Atualizado em 29 nov 2019, 11h16 - Publicado em 29 nov 2019, 11h07
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  • O fundador do Projeto Saúde e Alegria, Eugênio Scannavino Neto, afirmou nesta sexta-feira, 29, que os quatros brigadistas acusados de terem incendiado áreas da Amazônia em Alter do Chão, no Pará, “estão com medo”. “Está todo mundo fisicamente bem, mas o clima na cidade está muito pesado. Eles estão traumatizados pelo que aconteceu”, relatou o médico sanitarista a VEJA.

    Na terça-feira 26, a Polícia Civil do Pará deflagrou uma operação que concluiu que o incêndio que atingiu uma Área de Preservação Ambiental (APA) no distrito turístico de Alter do Chão em setembro deste ano teve envolvimento de ONGs. Foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva contra a Brigada de Incêndio de Alter e mandados de busca e apreensão na sede do Projeto Saúde e Alegria.

    “Eles foram humilhados, obrigados a usarem uniformes, rasparem o cabelo”, conta Eugênio. O fundador da Saúde e Alegria disse que conversou com João Victor Pereira Romano — um dos alvos da prisão preventiva — após a soltura dos brigadistas, que ocorreu na quinta-feira 28. “Ele está assustado. Os voluntários têm um período determinado para sair de casa [entre 21h e 6h]”.

    Para Eugênio, a motivação da operação foi o discurso de criminalização das ONGs que está ocorrendo neste ano. Antes da operação, o presidente Jair Bolsonaro já havia declarado que os focos de incêndios na Amazônia poderiam estar ligados às organizações, sem ter provas. Já o ministro Ricardo Salles acusou o Greenpeace de ser responsável pelo vazamento de óleo no Nordeste.

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    Foram apreendidos HDs com backup das informações, notas fiscais e contratos do Projeto Saúde e Alegria. “A acusação é genérica”, considera Eugênio, questionado sobre a operação. O fundador da ONG afirma a VEJA que a administração da organização é “totalmente limpa”.

    “A operação não interferiu nas atividades da ONG. Pelo contrário, no mesmo dia, tivemos mais de 200 assinaturas de apoio e o nível de adesão cresceu. Amanhã vamos fazer uma ação grande envolvendo trinta médicos para realizar 400 cirurgias. A nossa reunião com os patrocinadores também está mantida e já estamos trabalhando na prestação de contas deste ano, que sempre foi público”, conclui.

    Projeto Saúde e Alegria

    O Projeto Saúde e Alegria foi criado em 1985 com o nome de Centro de Estudos Avançados de Promoção Social e Ambiental pelos empreendedores sociais Eugênio Scannavino Neto, médico sanitarista, e Márcia Silveira Gama, arte-educadora. A ONG atua em quatro municípios da região oeste do Pará e gera “benefícios práticas a cerca de 30 mil pessoas”, informa a organização.

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