Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Gilmar Mendes diz que Lava Jato criou ‘direito penal de Curitiba’

Em julgamento no STF da validade da delação da JBS, ministro critica termos do acordo firmado pela Procuradoria e disse que a Constituição está sendo ferida

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 20h25 - Publicado em 28 jun 2017, 15h32

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira durante sessão da Corte que a Lava Jato criou um “tipo de direito penal de Curitiba”, em alusão às decisões tomadas pelo juiz Sergio Moro e pelos procuradores federais responsáveis pela operação na primeira instância.

A frase foi proferida durante a retomada do julgamento que analisa a validade da delação firmada pelo Ministério Público Federal com a JBS e se o ministro Edson Fachin permanece como relator dos inquéritos derivados dessa colaboração.

Na semana passada, quando o julgamento foi interrompido, a maioria dos ministros ( 7 votos) já havia votado por referendar a delação e manter Fachin à frente dos processos. Faltam votar ainda, além de Gilmar, os ministros Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e a presidente do tribunal, Cármen Lúcia.

“Criou-se um tipo de direito penal de Curitiba, normas que não têm nada a ver com o que está na lei, e torna-se impossível o controle da legalidade”, disse o ministro. “Combater crime não se pode fazer cometendo crimes ou irregularidades”, afirmou.

Ministro mais crítico do acordo com a JBS, ele levantou a voz mais de uma vez durante sua argumentação na Corte. Disse que o tribunal tem dever de “lealdade com a Constituição, e não com a Procuradoria” e que a “Procuradoria também está submetida à Constituição”.

Continua após a publicidade

“Esse ciclo de inovações parece ter chegado ao ápice nas delações do grupo Odebrecht (…) [alguns delatores] vão cumprir pena sem inquérito, sem denúncia e sem sentença. É o novo direito penal, que viola o princípio da legalidade, mas, mais do que isso, viola a Constituição. Esses acordos passaram a ter força constituinte, porque revogam normas constitucionais”.

Gilmar já havia criticado anteriormente o comportamento da força-tarefa em Curitiba. Em uma dessas críticas, atacou o que chamou de “alongadas prisões que se determinam em Curitiba”, em referência às prisões preventivas determinadas por Moro.

“Certamente, o juiz Moro já referendou várias dessas cláusulas [de acordos de delação premiada firmados pelo MPF]. A falta de controle custará caro a todo o sistema jurídico. Cláusulas sobre a liberdade no curso do processo passaram a ser figurinha carimbada nos processos, novamente sem previsão legal”, disse.

Continua após a publicidade

Para Gilmar, se Joesley Batista, dono da JBS, não pode ser denunciado – como foi acertado pela Procuradoria no acordo de delação -, não há como o procurador-geral, Rodrigo Janot, provar que ele era o líder da organização criminosa, posição que, pela lei, impede o fechamento de delação premiada. Ele comparou Joesley a líderes das facções criminosas PCC e Comando Vermelho. “Talvez um acordo de colaboração, para desenvolvermos a ideia ad absurdum, possa ser apto a rescindir as sentenças quase centenárias de Fernandinho Beira-Mar [líder do CV] ou de Marcola [chefe do PCC] com as premissas que estão sendo assentadas. Basta que o Ministério Público diga que eles não são líderes da organização”.

Acompanhe o julgamento ao vivo

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.