O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, é alvo de uma operação da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira, 26, para apurar suspeitas de corrupção e desvio de dinheiro em meio à crise do coronavírus. A ação foi solicitada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Conforme VEJA relatou em sua atual edição, Witzel está na mira de ao menos três investigações em andamento. A mais recente delas foi enviada ao STJ no último dia 12 de maio. Trata-se de uma apuração de um contrato emergencial no valor de 835 milhões de reais que o governo do Rio assinou com a Organização Social (OS) Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas) para construir e administrar 1 400 leitos de hospitais de campanha no estado. A suspeita é que esse negócio faça parte de um esquema de desvios de dinheiro e corrupção. No início deste mês, o ex-subscretário de Saúde do governo do Rio, Gabriell Neves, foi preso por suspeita de fraudes na aquisição de respiradores e em obras de hospital de campanha.
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Clique e AssineEm abril, Neves assinou um contrato de 56,2 milhões de reais com uma empresa cujo sócio era um estudante de 19 anos de idade que mora fora do Brasil. Essa transação envolvia a compra de aparelhos respiradores para atender pacientes infectados por coronavíruis em estado grave. Mas, até hoje, esses equipamentos não foram entregues.
Nos últimos meses, a PGR também pediu a abertura de dois inquéritos contra Witzel no Superior Tribunal de Justiça. O primeiro deles envolve uma suspeita de nomeações de funcionários fantasmas ligados a um aliado político do governador do Rio de Janeiro. Os indicados por um advogado filiado ao PSC não foram contratados diretamente por Witzel, mas sim por seus secretários. Mesmo assim, o governador terá de prestar esclarecimentos. A segunda frente de apuração, que também tramita no STJ, envolve uma suspeita de que o governo estadual montou um bunker de espionagem contra parlamentares adversários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O caso foi denunciado pelo presidente da Casa, André Ceciliano (PT), e foi compartilhado por outros deputados, que desconfiavam de um monitoramento clandestino. A PGR viu no episódio indícios suficientes para colocar Witzele um de seus secretários sob investigação.
Além dessas investigações, Witzel foi acusado de ser o “chefe supremo” de um esquema de arrecadação de propinas no governo do Rio que rendeu cerca de 30 milhões de reais. Conforme VEJA revelou, o empresário Arthur Menezes Soares Filho, conhecido como “Rei Arthur”, revelou em sua proposta de delação premiada feita à PGR que empresas prestadoras de serviços estavam sendo pressionadas pelo governo do Rio a pagar propinas para a liberação de pagamentos de recebíveis. De acordo com “Rei Arthur”, o valores indevidos variavam entre 20% e 30% do contrato.