Guardas desmancham homenagem a Marielle: ‘Liberdade não é absoluta’
Comando da Guarda Municipal de Ouro Preto (MG) apoiou a atitude dos soldados de impedir 'desenhos de cunho político' em celebração da Semana Santa
Todos os anos, a Semana Santa é marcada em Ouro Preto, cidade histórica de Minas Gerais, pelo ritual de decoração das ruas com a confecção de tapetes de serragem. No material, são formados desenhos, em geral de imagens religiosas relacionadas à Páscoa.
Neste ano, uma homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no Rio de Janeiro em março de 2018, foi desmanchada por um grupo de guardas da Guarda Civil de Ouro Preto. A ação dos policiais, que chutaram a serragem para ocultar o desenho do nome da vereadora, foi acompanhada por manifestantes que gritavam “Marielle vive” e proferiam ofensas ao presidente Jair Bolsonaro (PSL). Um vídeo do tapete sendo pisoteado foi postado nas redes sociais.
Em nota, o Comando da Guarda Civil confirma ter realizado a ação. Segundo a corporação, a “liberdade de expressão não é absoluta, ainda mais quando outros direitos estão sendo afetados”. A nota prossegue e informa que os guardas atuaram, como orientados, para desmanchar “desenhos de cunho político”.
“O Comando da Guarda Civil Municipal vem publicamente agradecer a todos que contribuíram direta e indiretamente para a gloriosa Semana Santa de Ouro Preto, em especial aos guardas, policiais que bravamente mantiveram a ordem do princípio ao fim.
Quanto ao episódio onde os agentes municipais desmancham desenhos de cunho político, entre outros, que nenhuma relação possuem com os “tapetes devocionais”, informamos que a liberdade de expressão não é absoluta, ainda mais quando outros direitos estão sendo afetados. O recado já foi dado em 2018, em 2019 não foi diferente.
Respeitem Ouro Preto, nossas tradições”.