Gustavo Bebianno, advogado por formação profissional, nutria admiração antiga pelo então deputado federal Jair Bolsonaro quando, em 2014, começou a lhe enviar e-mails apresentando-se como fã. Na primeira oportunidade de aproximação, correu ao encontro do parlamentar, oferecendo-se inclusive para defender o já candidato à Presidência em vários processos. Os dois estreitaram os laços, Bebianno se tornou peça-chave na engrenagem da campanha e, mais tarde, ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Não durou, porém, mais do que 47 dias no governo que ajudou a montar. Bebianno foi defenestrado quando veio à tona um esquema de candidaturas-laranja no PSL, partido que presidia. Ele sempre negou responsabilidade pela farra das verbas distribuídas indevidamente, mas acabou na degola mesmo assim. Dizia que fora Carlos Bolsonaro, o Zero Dois, quem minara a amizade com o “capitão”. “Ele (Bolsonaro) tem conhecimento dos problemas do filho, mas não sabe como resolver a questão”, afirmou em entrevista às Páginas Amarelas de VEJA.
Formado pela PUC do Rio, com mestrado em finanças pela Universidade de Illinois, Bebianno havia sido recentemente lançado candidato à prefeitura do Rio pelo PSDB. Nunca se curou da ferida causada pelo banimento do governo. Tinha começado a escrever um livro que pensava batizar de O Primeiro Traído. Por trás do corpão de lutador faixa-preta de jiu-jítsu, havia um homem gentil, que escreveu em carta a Bolsonaro revelada após sua morte: “Recupere o Carlos pelo seu exemplo. Ele vai aprender. É um bom garoto”. Bebianno morreu no sábado 14, de infarto, aos 56 anos, em sua casa de Teresópolis.
Publicado em VEJA de 25 de março de 2020, edição nº 2679