Um incêndio de grandes proporções destruiu praticamente todo o prédio principal do Museu Nacional do Rio de Janeiro, localizado na Quinta da Boa Vista.
Bombeiros informaram que uma pequena parte do acervo foi retirada antes de ser atingida. Não foi dito quais são essas peças nem para onde elas foram transportadas.
Às 23h deste domingo 2 o incêndio continuava, e os bombeiros tentavam evitar que uma área conhecida como anexo fosse atingida. Até então, esse trecho estava intacto.
Também às 23h, agentes da Polícia Federal chegaram ao museu, mas não informaram com qual objetivo.
Inaugurado em 1818, o museu completou 200 anos em junho e tinha mais de 20 milhões de itens. Era a mais antiga instituição científica do Brasil e o maior museu de História Natural e Antropologia da América Latina.
“É uma perda irreparável para a humanidade. As peças que estavam lá tinham mais de 2000 anos. Estavam lá as peças das escavações arqueológicas patrocinadas pela Imperatriz Teresa Cristina na Itália, peças etruscas, de Pompeia”, diz o historiador Paulo Rezzutti, autor de livros sobre a monarquia e que tinha sido convidado pelo Museu para uma palestra no próximo dia 7. “Isso só mostra que não existe uma política pública para o patrimônio histórico no Brasil.”
Os vigilantes que estavam no local disseram que viram um clarão no primeiro andar e em seguida saíram correndo. A causa ainda não foi descoberta.
Não foram registrados mortos ou feridos. O fogo começou depois do horário da visitação.
O prédio não corre risco de desabar, afirmou o comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, coronel Roberto Robadey. Segundo ele, as paredes externas são bastante grossas e, embora muito antigas, resistiram ao fogo. “Algumas partes internas desabaram”, afirmou.
O comandante dos bombeiros contou também que os dois hidrantes existentes ao redor do imóvel não funcionaram, por isso o combate ao fogo começou com atraso. “Tivemos que acionar a Cedae (companhia estadual de água e esgoto), que nos forneceu água. Agora tenho a certeza de que não faltará água, mas no início realmente tivemos problema”, afirmou.
Segundo Robadey, o prédio não tinha um sistema adequado de proteção contra incêndios. A legislação que exige esse tipo de estrutura é de 1976, quando o prédio já tinha mais de cem anos. Conforme o comandante dos bombeiros, há cerca de um mês representantes do museu procuraram os bombeiros para tratar da instalação de um sistema de proteção contra incêndios.
O presidente Michel Temer, em nota divulgada na noite deste domingo, 2, lamentou o incêndio que atinge o Museu Nacional, na zona norte do Rio, destacando o episódio como “incalculável” perda para o Brasil. “Hoje é um dia trágico para a museologia de nosso País. Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento. O valor para nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos os brasileiros.”
(Com Estadão Conteúdo)