‘Inspiração para a América do Sul’, diz Lula sobre eleições na França
Presidente celebra projeções de vitória da aliança de esquerda na Assembleia Nacional; partido de Macron fica em segundo
Neste domingo, 7, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou as redes sociais para celebrar o avanço da esquerda e a “união contra o extremismo” nas eleições legislativas da França, que ocorrem hoje. A apuração dos resultados ainda está em andamento, mas as pesquisas de boca de urna projetam que a Nova Frente Popular deve sair vitoriosa e formar a maior bancada da Assembleia Nacional (equivalente à Câmara dos Deputados, no Brasil).
Em seu perfil oficial no X (ex-Twitter), Lula afirmou que as estimativas reforçam “a importância do diálogo entre os segmentos progressistas em defesa da democracia” e declarou que as eleições na França e no Reino Unido — onde o Partido Conservador, do premiê Rishi Sunak, foi derrotado pelos Trabalhistas — “devem servir de inspiração para a América do Sul”.
Muito feliz com a demonstração de grandeza e maturidade das forças políticas da França que se uniram contra o extremismo nas eleições legislativas de hoje. Esse resultado, assim como a vitória do partido trabalhista no Reino Unido, reforça a importância do diálogo entre os…
— Lula (@LulaOficial) July 7, 2024
As pesquisas também foram comemoradas por aliados de Lula, como o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato à prefeitura de São Paulo. Pelo X, o parlamentar afirmou que o “recado” dos franceses é de união para “derrotar a extrema direita” e compartilhou o vídeo de uma manifestação popular na França.
🇫🇷 Viva o povo francês, que deu seu recado nessas eleições e reforçou o caminho da defesa da democracia em todo lugar do mundo: unir os democratas para derrotar a extrema direita. pic.twitter.com/pW9yNclXZ6
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) July 7, 2024
Já o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), destacou em suas redes o alto comparecimento dos franceses às urnas — o maior em mais de 40 anos — e o engajamento político do jogador Kylian Mbappé, do Real Madrid e da seleção francesa. Nas últimas semanas, o atleta convocou repetidamente o eleitorado francês a votar (o que é facultativo no país) em prol da democracia.
A França deu aula hoje. Uma coalizão de forças políticas com suas diferenças, mas que não questiona a democracia; a maior participação popular nas urnas em 40 anos; a força dos jovens, na figura de craques como Mbappé, que é o exemplo típico de um país diverso e que luta por mais…
— Geraldo Alckmin 🇧🇷 (@geraldoalckmin) July 7, 2024
Derrota para Macron
Ao mesmo tempo que a vitória da aliança esquerdista agrada os petistas, os números das urnas indicam um revés para a base aliada do presidente francês, Emmanuel Macron, um dos líderes mundiais mais próximos de Lula. As projeções mais recentes do Instituto Francês de Opinião Pública indicam que a Nova Frente Popular terá entre 187 e 198 cadeiras no Legislativo, enquanto o bloco do Renascimento, de Macron, deve ficar com 161 a 169 assentos.
Já o grupo político de extrema direita representado pelo Reagrupamento Nacional, liderado por Marine Le Pen e Jordan Bardella, deve representar a terceira maior força da Assembleia Nacional, com algo entre 135 e 143 vagas. Embora fique atrás dos esquerdistas e do bloco de centro-direita macronista, o resultado representa um amplo crescimento da atual bancada de 89 deputados do partido.
Premiê francês renuncia após derrota
Na esteira das previsões, o primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, colega partidário de Macron, decidiu renunciar ao cargo e anunciou que irá entregar o posto ao presidente amanhã (segunda-feira, 8).
“O grupo político que representei nesta campanha não conseguiu a maioria, e apresentarei a minha demissão ao presidente amanhã de manhã”, afirmou Attal. Apesar da decisão, o premiê celebrou que “nenhuma maioria absoluta foi conquistada pelos extremos” e que a base aliada do governo permanece “de pé”.