Investigação sobre queda de avião com Marília Mendonça pode demorar anos
Ausência de caixa-preta na aeronave pode atrasar parecer técnico sobre as causas do trágico acidente que vitimou a cantora e outras quatro pessoas
O trágico acidente aéreo que vitimou cinco pessoas, entre elas a cantora Marília Mendonça, causando comoção e luto no Brasil, pode demorar anos para ser solucionado. Uma das causas que atrapalhará a investigação é a ausência de caixa-preta no avião, que se colidiu com uma torre de transmissão e depois perdeu força até cair a dois quilômetros da pista do aeroporto de Ubaporanga, em Piedade de Caratinga, Minas Gerais. A caixa-preta é um instrumento por onde é possível obter dados de velocidade e altitude do voo, além dos comandos e trocas de informações ocorridas na cabine do piloto — ou seja, é crucial para a resolução de acidentes aéreos. Apesar disso, um especialista consultado por VEJA afirma que a caixa-preta não é mandatória para aviões de pequeno porte, como era o caso do bimotor King Air, fabricado em 1984, que transportava a cantora.
As investigações estão sendo conduzidas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Em casos de acidentes semelhantes, como os que envolveram o então presidenciável Eduardo Campos, em 2014, e o então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, em 2017, o tempo de espera por um laudo técnico que solucionasse as causas dos acidentes foi, em média, acima de um ano.
“Há acidente em que o relatório é publicado em seis meses e há outro tipo de acidente em que o relatório sai em seis anos”, diz o especialista, um ex-executivo da Anac, que prefere não se identificar. “Quando o avião tem caixa-preta facilita muito ao esclarecimento do acidente. É mais uma prova importante para conseguir solucionar as causas do acidente, pois nela é possível ver como estava a velocidade, a altitude e ter acesso à conversa dos pilotos na cabine. O fato de não ter a caixa-preta é algo que, sim, prejudica a investigação, mas, para aviões desse porte, esse tipo de instrumento não é obrigatório.”
Em nota enviada a VEJA, o Cenipa diz que pretende concluir a investigação no menor prazo possível. “Durante as atividades os investigadores conseguiram retirar um spot geolocalizador da aeronave, realizaram o sobrevoo do local do acidente e constataram indícios de ruptura de um cabo na rede de alta tensão. Foi constatado ainda que a aeronave não possuía gravadores de voo. O operador da aeronave está autorizado pelo Cenipa a recolher os destroços do acidente e transportá-los para o aeroporto. O avião continua porém sob investigação”, diz o órgão. “A conclusão das investigações terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os fatores contribuintes.”