Não é apenas a Interpol que está à procura do comerciante Mohamad Khir Abdulmajid, de 36 anos, investigado por supostamente arregimentar brasileiros para cometer atos terroristas contra alvos judeus no Brasil e em outros países da América do Sul. Os cobradores também. Mohamad tinha um restaurante e uma loja de produtos eletrônicos em Brasília. Em 2021, o restaurante foi vendido, a loja fechada e ele mudou de endereço, deixando um rastro de dívidas com a Receita Federal (272 mil reais), bancos e comércio.
O suspeito era dono do Shisha, um restaurante de culinária libanesa, vendido para Ahmed Armando, um colombiano descendente de libaneses. O novo proprietário diz que Mohamad estava atolado em dívidas, vendeu o estabelecimento e se mudou com a família para Belo Horizonte, onde abriu uma charutaria.
“Eu vi a notícia do envolvimento dele com isso e nem acreditei, e nem imaginaria isso”, diz Ahmed. Outros vizinhos de Mohamad contam que ele era uma pessoa muito reservada, mas ninguém nunca testemunhou ou percebeu nada que pudesse comprometê-lo ou ligá-lo a atividades criminosas.
Segundo a Polícia Federal, mais três homens são investigados por ligações com o grupo terrorista Hezbollah : o autônomo Lucas Passos Lima, o técnico em plástico e negociante Jean Carlos de Souza e o músico Michael Messias. Todos negam as acusações. “Eu estou sendo tratado igual a um bandido, um terrorista, mas eu não sou isso”, disse Jean. Ele afirmou que foi ao Líbano vender ouro e que lá teve encontro com Mohamad, mas nada a ver com terrorismo.
A VEJA, o advogado José Roberto Timóteo, que defende Jean, considerou mirabolante o conteúdo do depoimento de um dos investigados pela, que disse ter ido ao Líbano e recebido oferta arregimentar matadores para o Hezbollah, com pagamentos de até 25 milhões de reais para cada autoridade assassinada. “Isso é uma coisa totalmente louca”, diz Timóteo, um ex-policial federal.