Andreas Albert von Richthofen, de 29 anos, irmão de Suzane von Richthofen, foi internado nesta terça-feira no Hospital do Campo Limpo, na Zona Sul de São Paulo, após ser abordado por uma viatura da Polícia Militar enquanto tentava pular o muro de um imóvel. Segundo a PM, Andreas estava desorientado e seu comportamento indicava uso de drogas. Tinha as roupas rasgadas e ferimentos no corpo. O jovem deve ser transferido para um hospital psiquiátrico.
De acordo com a secretaria de Saúde, Andreas foi levado ao hospital em razão do surto, mas não foi aberta nenhuma ocorrência criminal.
Formado em farmácia pela Universidade de São Paulo e doutor em química orgânica, o irmão de Suzane havia sido visto frequentando a Cracolândia e chegou a ser abordado por equipes de Saúde da Prefeitura, que ofereceram cuidados e tratamento médico, que ele recusou. Ao contrário do que foi informado anteriormente, contudo, ele não foi detido na região central de São Paulo, mas na Zona Sul, na Engenheiro Alonso de Azevedo, bairro de Chácara Monte Alegre.
Órfão na adolescência
Andreas von Richthofen tinha 15 anos no dia 31 de outubro de 2002, quando seus pais, Manfred e Marísia von Richtofen, foram mortos a golpes de barra de ferro enquanto dormiam na casa onde a família morava, no Brooklin, Zona Sul da capital paulista. Executado pelos irmãos Christian e Daniel Cravinhos, o crime foi planejado por Suzane, que tinha 18 anos à época e namorava Daniel.
Presa uma semana depois do assassinato dos pais, ela acabou condenada em 2006 a 39 anos e seis meses de prisão, mesma pena a que Daniel Cravinhos foi condenado. Christian Cravinhos foi sentenciado a 38 anos e seis meses de prisão.
Diante da morte da mãe e da prisão da irmã, Andreas von Richtofen teve como tutor um tio, Miguel Abdalla Neto, que se responsabilizou por ele até que completasse 18 anos.
Em março de 2015, após quase treze anos correndo na Justiça, chegou ao fim a ação que tirou de Suzane von Richthofen o direito à herança dos pais. O juiz José Ernesto de Souza Bittencourt Rodrigues, da 1ª Vara da Família e Sucessões de São Paulo, considerou Suzane “indigna” do direito à herança e determinou que o patrimônio do casal seja entregue em sua totalidade a Andreas von Richthofen. Na época do crime, a herança foi avaliado em 3 milhões de reais, mas em valores atualizados é estimada em 10 milhões de reais.
O interesse pelos bens da família era um motivos apontados pela promotoria para Suzane ter planejado o crime. Em 2014, ela enviou um comunicado à Justiça, informando que não pretendia receber a herança dos pais.
“Uma vez transitada em julgado a sentença deste juízo que determinou a exclusão, por indignidade, da herdeira Suzane Louise von Richthofen, relativamente aos bens deixados por seus pais, ora inventariados, defiro o pedido de adjudicação formulado pelo único herdeiro remanescente, Andreas Albert von Richthofen”, escreveu o magistrado no despacho.
‘Crime nojento’
Em março de 2015, pouco antes da decisão judicial que excluiu Suzane da partilha da herança dos pais, Andreas von Richthofen manifestou-se publicamente pela primeira vez. Ele concedeu uma breve declaração à Rádio Estadão e encaminhou ao veículo uma carta em que questiona o promotor Nadir de Campos Júnior sobre declarações a respeito de seu pai, Manfred. No texto, Andreas se refere à irmã como assassina e ao crime cometido por ela ao lado dos irmãos Christian e Daniel Cravinhos como “nojento”.
A carta de Andreas, publicada na íntegra pelo site do jornal O Estado de S. Paulo, questiona Campos Júnior, um dos responsáveis pela condenação de Suzane, sobre declarações dadas a um programa de televisão. O promotor afirmou que Manfred tinha contas na Suíça para as quais enviava dinheiro desviado de obras do Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), empresa onde trabalhava. E que Suzane era beneficiária de tais contas. Disse, ainda, que esse dinheiro poderia ter motivado os assassinatos, uma vez que ela administraria as contas.
O irmão de Suzane se negou a responder perguntas e falou de sua vontade de deixar o país. “Aqui no Brasil o sobrenome von Richthofen tem um peso muito grande”, disse.
Na carta ao promotor, Andreas questionou: “Gostaria que o senhor declarasse esta situação: se há contas no exterior, que o senhor apresente provas, pois eu também quero saber (…) Mas, que, se isso não passar de boatos maliciosos e não existirem provas, que o senhor se retrate e se cale a esse respeito, para não permitir que a baixeza e a crueldade deste crime manche erroneamente a reputação de pessoas que nem mais aqui estão para se defender. Meus pais: Manfred Albert e Marísia von Richthofen”. E prosseguiu: “Entendo que sua raiva e indignação para com esses três assassinos seja imensa, e muito da sociedade compartilha esse sentimento. E eu também. É nojento”. À Rádio Estadão, Andreas afirmou que se sente ferido toda vez que a imprensa divulga algo sobre o crime ou seus desdobramentos.
(com Estadão Conteúdo)