Juristas e políticos lamentam morte de Hélio Bicudo
Um dos fundadores do PT e coautor do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, advogado morreu aos 96 anos, em São Paulo

Advogados, políticos e movimentos lamentaram o falecimento do jurista Hélio Bicudo, morto aos 96 anos na madrugada desta terça-feira, 31, em São Paulo. Bicudo sofria de complicações cardíacas e estava fragilizado desde que sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), em 2010. Um dos fundadores do PT, ele assinou o pedido de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff, deposta em 2016.
Uma das autoras da ação contra a petista, ao lado de Hélio Bicudo e de Miguel Reale Júnior, a advogada Janaina Paschoal lamentou a perda e classificou o jurista como “herói brasileiro”.
Parte um Herói brasileiro! Meus agradecimentos ao nosso Grande Helio Bicudo! Todo meu amor! Toda minha admiração! Toda minha gratidão! Sem ele, eu não teria conseguido. Que Dona Déa o receba com flores. Peço a cada um uma oração, conforme a respectiva religião, em sua intenção.
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) July 31, 2018
O presidente Michel Temer publicou no Twitter que o Brasil perdeu “um homem notável” e Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, citou, por meio de nota, a “coragem” do advogado em defesa da “democracia no nosso país”. A senadora Marta Suplicy (MDB-SP), que teve Bicudo como vice enquanto foi prefeita de São Paulo, classificou-o como “grande defensor dos direitos humanos”, também por meio do Twitter.
Ainda na rede social, o vereador de São Paulo Fernando Holiday (DEM) ressaltou a atuação de Hélio Bicudo no processo de impeachment de Dilma. “Recebi com muita tristeza a notícia do falecimento do Dr. Hélio Bicudo que, ao final da vida, reviu com honestidade e franqueza seus posicionamentos ideológicos para se juntar a milhões de brasileiros, pedindo o fim de um regime corrupto e nefasto”, escreveu.
Para Juliana Fincatti Moreira Santoro, advogada, mestre em Direitos Difusos e Coletivos pela PUC-SP e ex-presidente da Comissão Justiça e Paz São Paulo, o jurista foi um “exemplo de luta pioneira pelos Direitos Humanos” e “personificou o combate das arbitrariedades da ditadura militar”.
Maristela Basso, professora de Direito da USP, elogiou “um nobre de alma, espírito e intelecto”. Disse, ainda, que “em tempos obscuros e incertos”, o Brasil perdeu um “farol”.
Vem Pra Rua e MBL também se manifestam
Por meio de nota, o Vem Pra Rua, um dos movimentos que lideraram os protestos contra o governo de Dilma Rousseff, disse que Hélio Bicudo “fez parte de um seleto grupo de brasileiras e brasileiros que defendem a democracia no Brasil acima dos interesses pessoais”.
Já o Movimento Brasil Livre (MBL), outro que participou das manifestações de 2016, também lembrou o papel de Bicudo no impeachment da petista. Para o movimento, o jurista foi um “advogado com importante papel na defesa de direitos fundamentais e coautor do pedido de impeachment que, ancorado nas manifestações que tomaram as ruas do Brasil, levou a cabo o governo mais corrupto de toda nossa história”.