Justiça impede que ex-assessor de Flávio Bolsonaro seja investigado
TRF-2 concedeu habeas corpus a Victor Granado Alves, que teria obtido informações sobre vazamento da Operação Furna da Onça
A Justiça Federal (TRF-2) concedeu habeas corpus ao advogado Victor Granado Alves, impedindo que ele seja investigado no inquérito que apura o vazamento da Operação Furna da Onça.
Alves é ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) na época em que ele era deputado estadual.
Segundo o empresário Paulo Marinho, suplente de Flávio, o advogado teria participado de uma reunião durante a campanha eleitoral de 2018 em que um delegado da Polícia Federal alertou sobre andamento de investigações de corrupção dentro da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Flávio não era investigado, mas um documento em anexo trazia informações sobre outro assessor do então deputado, Fabrício Queiroz, acusado de comandar o esquema das rachadinhas no gabinete.
O alerta teria motivado a demissão de Queiroz, para não prejudicar as candidaturas de Jair Bolsonaro à presidência da República e de Flávio Bolsonaro ao Senado Federal.
Em maio, Victor foi intimado a dar depoimento pelo Ministério Público Federal, mas optou por permanecer em silêncio. Depois disso, o procurador Eduardo Benones, do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público Federal, tornou-o investigado no inquérito. Na ocasião, Alves alegou que participou do encontro a condição de advogado de Flávio e não poderia revelar o conteúdo da reunião para não violar o sigilo com o cliente.
O pedido de habeas corpus partiu da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro. Três desembargadores foram favoráveis à suspensão das investigações. “Qualquer informação obtida no âmbito da investigação não poderá ser usada”, explica Marcello Ramalho, advogado de Victor.
A Operação Furna da Onça é um desdobramento da Operação Lava Jato e investigou o chamado “Mensalinho da Alerj”, em que os deputados recebiam dinheiro em troca de apoio político durante as gestões de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão. Dez deputados estaduais e um secretário foram presos.