Em entrevista a VEJA, a modelo e empresária fala das agressões que sofreu, dos ataques a ela e à família, e diz esperar que sua história inspire mais mulheres vítimas de violência no Brasil.
Como era sua relação com Lírio Parisotto? Entre 2014 e 2016, sofri com a violência física e com as outras modalidades que a acompanham, como a verbal, psicológica e emocional. Antes, porém, ele era um homem muito romântico, totalmente louco por mim. Foi por isso que me apaixonei por ele.
O que a levou a denunciar seu então companheiro? A questão da violência contra a mulher precisa ser debatida publicamente. Eu sofri muitas agressões e concluí que deveria conversar sobre isso com outras mulheres, com a propriedade de alguém que já passou por violações e pode contribuir para que elas entendam, por meio da minha fala, que têm direitos e podem ir atrás deles.
Qual é a parte mais difícil do processo? O outro lado tentando me desqualificar. Falaram, por exemplo, que eu era uma “peguete” do meu ex-companheiro, uma golpista. Na audiência, diversas pessoas com quem convivi por anos, junto com Lírio, deram depoimentos dizendo coisas absurdas a meu respeito. Foi desmoralizante, deprimente. A sociedade deve ter em mente que tudo o que se lê e se ouve precisa ser filtrado.
A senhora acha que, nesses momentos, ser famosa muda a sua situação? O fato de eu ser conhecida fez com que o caso repercutisse muito, ganhando uma dimensão absurda, de uma falta de respeito enorme. Toda mulher na minha situação sente a mesma coisa, e eu, como figura pública, senti ainda mais. Foi um processo muito doloroso para todo mundo na minha casa, já que alguns posts nas redes sociais atacavam não só a mim, mas a meus filhos também. É preciso muita sanidade para se manter tranquila nessas horas.
Como foi receber relatos de outras mulheres em situações como a sua? Acho fundamental ter esse contato. É muito importante para mim ver que a minha voz ecoou e teve impacto relevante na vida de outras mulheres.
Publicado em VEJA de 26 de maio de 2021, edição nº 2739