Mancha de óleo tinha 200 km de extensão em seu marco zero, diz empresa
Polícia Federal anunciou que o navio é proveniente da Grécia. A embarcação grega teria atracado em 15 de julho na Venezuela
O marco zero da mancha de óleo que atinge as praias do Nordeste brasileiro desde o início de setembro foi localizada entre os dias 23 e 24 de outubro. A mancha original tinha 200 quilômetros de extensão e estava a pouco mais de 700 quilômetros da costa brasileira, a leste da divisa da Paraíba com o Rio Grande do Norte. O mapeamento do local exato onde o vazamento começou foi feito pela empresa Hex Tecnologias Geoespaciais, que ajudou a Polícia Federal no inquérito que busca identificar a origem do óleo vazado que alcançou a costa brasileira.
“Nos interessamos por esse tema e começamos a fazer essa investigação. Usamos diversos tipos de imagens provenientes de satélites ópticos e de radar. Fomos montando um exercício dia a dia para o passado, até que nos deparamos com a mancha, o ponto zero”, explicou Leonardo Barros, diretor-executivo da empresa, acrescentando que a análise de imagens de satélite da agência espacial europeia e da Nasa permitiram estimar que o vazamento teve início entre os dias 28 de julho e 1º de agosto..
Os técnicos da empresa encontraram o ponto inicial da mancha seguindo o rastro do óleo, utilizando imagens de dias anteriores até chegar à resposta. Em seguida, buscaram o navio que, supostamente, vazou o óleo. Foram feitos cruzamentos de imagens de radar com os sinais Automatic Identification System (AIS) emitidos pelos navios.
“Neste momento nós conseguimos achar uma determinada embarcação que coincidiu a data, localização e trajetória”, disse Barros. Segundo ele, não foi identificado nas imagens de satélite de radar nenhum navio “fantasma”, ou seja, embarcação navegando sem um sinal AIS correspondente.
Nesta sexta-feira, 1º, a Polícia Federal anunciou que o navio é proveniente da Grécia. A embarcação grega teria atracado em 15 de julho na Venezuela, onde ficou por três dias antes de seguir para Singapura, via África do Sul.
Barros disse que cessou o monitoramento assim que o navio chegou à África do Sul, mas disse ser possível precisar a localização atual da embarcação com as mesmas técnicas de monitoramento.
Os estudos da Hex foram entregues à Polícia Federal no dia 25 de outubro. As investigações, que iniciaram no final de setembro de forma espontânea, passaram a ser acompanhadas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). “A Abin nos contatou e nos questionou se tínhamos algum know how [para auxiliar nas investigações] e dissemos que já estávamos fazendo essas análises. Quando tivemos a primeira informação da mancha, informamos a Abin e ela nos orientou a destinar todo o resultado desse trabalho para a Polícia Federal”.
Investigações da PF
A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira, 1º, a Operação Mácula, com objetivo de investigar a embarcação suspeita, identificada nos radares. A PF solicitou diligências em outros países, a fim de obter mais dados sobre a embarcação, a tripulação e a empresa.
A PF esteve na sede do escritório da Witt O’Brien’s, empresa especializada em gerenciamento de emergências em navios. Em nota, a empresa negou trabalhar para a embarcação grega suspeita do derramamento de óleo. “A Witt O´Brien’s informa a todos que, esse navio ou seu armador jamais foi cliente da Witt O’Brien’s no Brasil e que o Brasil não exige que navios tenham contratos pré-estabelecidos para combate a emergências. […] A Witt O´Brien´s Brasil afirma que está à disposição das autoridades brasileiras e que contribuirá com todas as informações necessárias”.
A PF informou que está realizando “diversos exames periciais no material oleoso recolhido em todos os estados brasileiros atingidos, bem como exames em animais mortos, já havendo a constatação de asfixia por óleo, assim como a similaridade de origem entre as amostras”.
Com Reuters