Mexeu com todas
A denúncia da figurinista da Globo contra José Mayer desencadeia uma onda de indignação e ilumina um crime que vive na sombra da vergonha e do medo
Em depoimentos a VEJA, mulheres vencem o medo e a vergonha e relatam episódios de assédio sexual. A cantora Luiza Possi conta que um fã quis lhe passar a mão dentro do camarim. A vendedora Brenda Nascimento diz que foi assediada no ônibus. A jornalista Sandra Annenberg afirma que sofreu assédio mais de uma vez em sua carreira. A administradora Karoline Ferreira confessa que um professor roçou a mão nos seus seios. Os relatos são intermináveis. “Posso dizer que 100% das mulheres que trabalham fora já sofreram assédio. As que não sofreram ainda vão sofrer”, anuncia Luiza Nagib Eluf, advogada criminalista. A questão é que tais relatos, normalmente, ficam escondidos sob a sombra da vergonha e do medo. Pois foi vencendo a vergonha e o medo que a figurinista Susllem Tonani, de 28 anos, que trabalhara na Rede Globo, divulgou em um blog o assédio insistente do galã José Mayer, 67 anos. A denúncia produziu uma crescente indignação e fez nascer a campanha “Mexeu com uma, mexeu com todas”, iniciativa das mulheres que trabalham no Projac, onde ficam os estúdios da Globo. Com o engajamento de artistas, a iniciativa viralizou. A Globo viu, reagiu e fez do proverbial limão uma limonada. A ordem da direção é de rigor na apuração, reação proporcional ao tamanho da resistência à herança troglodita organizada e amplificada na poderosa caixa de ressonância da internet.
Com reportagem de Thaís Botelho e Isabela Izidro de Moura
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