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Ministério Público denuncia padre abusador serial de coroinhas

Tema de reportagem de capa de VEJA, Pedro Leandro Ricardo teria efetuado ataques na igreja e na casa paroquial

Por João Batista Jr. Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 17 dez 2019, 18h49

Ainda que não na velocidade desejada, esta semana foi de comemoração para as pessoas vítimas de crime sexual por parte do padre Pedro Leandro Ricardo, em Araras. O promotor Luiz Alberto Segalla Bevilacqua denunciou o religioso por atentado violento ao pudor mediante violência grave ou ameaça, com o agravante de os atos terem sido contínuos. Ao todo, ele foi denunciado por atacar quatro menores – todos eles deram entrevista em uma reportagem de capa de VEJA publicada em julho deste ano.

Escreveu o promotor no despacho: “O padre Pedro Leandro Ricardo, responsável pela paróquia São Francisco de Assis, exercia autoridade moral e inegável influência sobre os membros de sua comunidade religiosa. Nesta qualidade, atraía crianças e adolescentes para a função de coroinha, com o propósito de satisfazer sua lascívia. Assim é que, prevalescendo-se de sua ascendência sobre as vítimas (temor reverencial), o denunciado, em diversas oportunidades, e com sucessão de vítimas, mediante violência e grave ameaça, praticou crimes (atos libidinosos) contra a dignidade sexual de quatro menores”.

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MENSAGENS – O padre Pedro Leandro Ricardo: namorado, processos contra críticas no Facebook e conversas sobre nudes no celular (JC Nascimento/O Liberal/.)

Os ataques ocorriam dentro da igreja, na casa paroquial ou em incursões religiosas. Alguns deles estão descritos em detalhes no despacho, como o caso de Ednan Aparecido Vieira. Então com 17 anos, o coroinha foi convidado para dormir na casa paroquial. A desculpa: estar a postos no dia seguinte para ajudá-lo na missa do domingo de manhã. Embora soubesse que não haveria mais ninguém na residência, o menino jamais desconfiaria que estava prestes a cair em uma arapuca. Chegando ao local, o clima começou a ficar estranho com as perguntas do anfitrião, que só queria saber da vida íntima do garoto. Tinha namorada? Qual era seu tipo físico preferido de menina? O padre ofereceu vinho ao menor e forçou sexo oral. O menino conseguiu fugir.

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+Jovens abusados pelo padre Leandro revelam seus dramas 

O cerco ao padre Leandro iniciou-se há tempos, com a comunidade de Araras exigindo respeito e fazendo denúncias de ataques sequenciais. Em maio desde ano, o Vaticano recebeu um calhamaço com as denúncias e Leandro acabou afastado das funções de padre e de reitor da Basílica de Santo Antônio de Pádua e está impedido de celebrar missas até a conclusão da investigação. Mas continua recebendo cerca de 9 000 reais, entre salário e benefícios. O bispo Vilson Dias de Oliveira, da Diocese de Limeira e ex-chefe de Leandro, renunciou ao cargo quando o escândalo veio à tona. “Ele cansou de receber denúncias a respeito do padre Leandro, mas nunca fez nada”, diz a advogada Talitha Camargo da Fonseca, responsável pela defesa das vítimas.

Procurada por VEJA, a defesa do padre Pedro Leandro Ricardo informou que irá estudar o despacho do promotor para, então, se manifestar.

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