Devido ao agravamento da situação nos últimos dias da barragem Sul Superior da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), o Ministério Público de Minas Gerais entrou com uma petição na Justiça para exigir que a Vale tome providências para “a prevenção e mitigação de danos humanos e materiais”. O pedido envolve o bloqueio de 3 bilhões de reais da mineradora e a suspensão imediata de todas as atividades do complexo minerário onde está situada a barragem.
O dinheiro deve ser usado para transportar e abrigar as pessoas que tiveram de deixar suas casas nas últimas semanas por causa do “risco de ruptura iminente” da barragem. Na última sexta-feira, o nível de alerta da represa subiu para 3, o máximo para possível rompimento, o que levou as sirenes a serem ouvidas no município.
No documento, o MP afirma que, na hora da realocação, a mineradora deve observar “a dignidade e adequação dos locais às características de cada indivíduo e família, sempre em condições equivalentes ao status quo anterior à desocupação”. A promotoria também requisitou que seja fornecida assistência integral incluindo assistência médica e de transporte escolar, com a oferta de uma equipe multidisciplinar com assistentes sociais, psicólogos e médicos.
Em caso de rompimento, não é só a cidade de Barão de Cocais que pode ser atingida pela lama de rejeitos. Segundo o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais, os municípios de Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo também podem ser alcançadas pelo material que escoaria da barragem, caso ela ruísse.
Neste domingo, a Defesa Civil, em novo levantamento, informou que o total de moradores de Barão de Cocais a serem evacuados é de 6.054, em vez dos 9.000 anunciados anteriormente. Mas, se somados os moradores das três cidades, o total de pessoas a serem evacuados agora é de 9.800, aproximadamente. São 1.800 em Santa Bárbara e 2.000 em São Gonçalo do Rio Abaixo, segundo previsão inicial.
Ainda de acordo com a Defesa Civil, o tempo para que a lama atinja Santa Bárbara é de 3h06 minutos. A São Gonçalo do Rio Abaixo, os rejeitos chegariam 6 horas após o rompimento. As duas cidades passarão por simulados de rompimento da barragem. Conforme Godinho, no entanto, os moradores das duas cidades já têm condições de ser resgatados caso a barragem se rompa antes.
O simulado, em Barão de Cocais, onde os rejeitos chegam com 1h12 será realizado nesta segunda-feira, às 16h. Sete pontos de encontro foram estabelecidos em dez bairros da cidade e no centro. Um funcionário que trabalha na barragem acionará a sirene como se a estrutura estivesse ruindo.
Um helicóptero acompanhará o que seria o avanço da lama e orientará a Polícia Militar e a Defesa Civil em solo para que ajude no encaminhamento das pessoas. Os bombeiros também vão monitorar a operação e ajudarão moradores com dificuldades de locomoção. “O simulado segue padrões internacionais”, afirma Godinho. A prefeitura de Barão de Cocais vai decretar feriado municipal para facilitar o exercício. A entrada na cidade, durante o simulado, será proibida.
A Defesa Civil divulgou um mapa sobre como se espalharia a mancha de inundação em caso de rompimento da barragem com a indicação de pontos de encontro que devem ser usados pelos moradores da Zona de Segurança Secundária em Barão de Cocais.
(Com Estadão Conteúdo)