O empresário Rodolpho Gonçalves Carlos da Silva é acusado de atropelar na madrugada de sábado o agente de trânsito Diogo Nascimento de Souza, 34 anos, durante uma blitz da operação Lei Seca, em João Pessoa, na Paraíba. Segundo testemunhas, Silva dirigia um Porsche conversível branco e tentou fugir da fiscalização na Avenida Nilo Peçanha, no bairro Bessa, região nobre da cidade, acelerando sobre agentes de trânsito e policiais.
Após atropelar o agente e não prestar socorro, Silva teve a prisão temporária decretada pela juíza plantonista Andréa Arcoverde Cavalcanti Vaz, do Fórum Regional de Mangabeira. O agente de trânsito foi encaminhado para a UTI do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena em estado grave e teve morte cerebral na tarde deste domingo.
Cerca de sete horas após ter a prisão decretada, o desembargador Joás de Brito Pereira Filho, presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, revogou a decisão e concedeu salvo-conduto a Silva alegando que ele não tinha antecedentes criminais. Silva é neto de José Carlos da Silva Júnior, ex-senador pelo PDS (1996 a 1999) e ex-vice-governador da Paraíba (de 1983 a 1986). Silva Júnior é proprietário da TV Cabo Branco, afiliada à Rede Globo, do Grupo São Braz (ramo alimentício) e de uma concessionária de veículos.
Segundo o delegado Marcos Paulo Vilela, duas testemunhas relataram que Silva estava na fila para a blitz, porém quando recebeu a ordem para encostar o carro, acelerou em direção aos fiscais. “No momento em que o agente pede para que encoste, ele acelera e acaba atingindo outro agente que, inclusive, coordenava a operação. O Porsche não chegou nem a amassar muito dada a velocidade com que o carro atingiu o agente, que estava mais à frente da contenção dos carros”, afirmou. Com o impacto da batida, a placa do veículo caiu no local.
De acordo com o delegado, Silva estava acompanhado de uma mulher, que ainda não foi identificada. Por meio de imagens obtidas pelos investigadores, é possível ver o casal em um restaurante da região consumindo bebidas alcoólicas.
O procurador de Justiça José Roseno Neto pediu neste domingo a reconsideração da decisão liminar do desembargador para que “seja mantida a prisão temporária para fins de elucidação das investigações”. A defesa de Silva afirma que, desde o ocorrido, ele se mostrou à disposição da Justiça e prestará depoimento nesta terça-feira.
Em nota, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) da Paraíba afirmou que “o desejo de todos é que a justiça seja feita e que a tragédia que acometeu a família de Diogo sirva como marco para estimular uma mudança de consciência sobre o consumo de álcool ao volante e o respeito aos profissionais que diuturnamente trabalham para tornar nossas ruas mais seguras”. “Que as duras penas da lei sirvam de norte para punir de maneira exemplar os culpados”. complementa.