Pesquisas indicam ‘fake news’ desde a campanha de 2014, diz Ortellado
Segundo o professor da USP Pablo Ortellado, muitos elementos que se veriam na campanha dos Estados Unidos, em 2016, já estavam no Brasil em 2014
Por Da Redação
Atualizado em 10 dez 2018, 09h17 - Publicado em 24 abr 2018, 15h49
Fazendo um histórico das notícias falsas no mundo, o coordenador do Monitor do Debate Político no Meio Digital e professor da Universidade de São Paulo (USP), Pablo Ortellado revelou que, ao contrário do que se pensava, novas pesquisas indicam que o Brasil pode ter sido, na verdade, a “vanguarda” das fake news: muitos dos elementos que se veriam na campanha dos Estados Unidos, em 2016, e em outras votações pelo mundo, já estavam no país em 2014.
“Teve guerra suja. Nós tivemos robôs, contas falsas, fábrica de rumores. Um princípio de notícias falsas”, explicou. Para o pesquisador, a notícia se divulga mais “porque a notícia falsa se adequa perfeitamente aos aspectos da opinião”.
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O professor da USP também indicou que levantamentos mostram que o público que mais tradicionalmente compartilha notícias falsas são cidadãos acima dos 40 anos, de classe média tradicional e com escolaridade superior.
Ortellado foi entrevistado pela colunista de VEJA Dora Kramer nesta terça durante o fórum Amarelas ao Vivo, versão em palco das tradicionais Páginas Amarelas da publicação.
Pioneiro no estudo das notícias falsas compartilhadas nas redes sociais, ele afirma que parte do problema se explica, porque os cidadãos se veem “como soldados em uma guerra de informação”. Em uma sociedade polarizada, apoiadores, de um lado ou de outro, reproduziriam fake news como uma forma de militância política no mundo digital.
Complementando o fenômeno, a divisão entre dois pólos, que ele enxerga como “o antipetismo” e “a esquerda”, reduz a capacidade crítica e a própria disposição em desmentir algo que favoreça a posição que combine com a do indivíduo que compartilha as fake news. “Estamos excessivamente apaixonados politicamente. E quando estamos assim, a nossa capacidade crítica cai, e essa é a natureza da problema no meu entender”, argumentou.
Reação
O professor Pablo Ortellado se diz pouco otimista sobre o combate às notícias falsas nas eleições de 2018. Na sua visão, a jurisdição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abarcará majoritariamente as páginas oficiais dos candidatos, deixando de fora “o ecossistema de sites vinculados”. “A parte mais complicada não vai se dar nas páginas dos candidatos, mas sim nas páginas que produzem conteúdo, em formato noticioso e alinhado aos princípios ideológicos dos candidatos. Os sites que produzem esse conteúdo para o jogo político”.
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Diante do impasse, o pesquisador avalia que existam apenas duas saídas: “Ou criminalizamos e penalizamos a produção e difusão, e isso é extremamente perigoso porque concederia ao estado o poder de dizer qual notícia pode e qual não pode, ou o caminho é o debate público, a regulamentação suave das plataformas, cobrando transparência delas e dos gastos das campanhas eleitorais”.
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