Encontrados mortos menos de doze horas após o ataque aos médicos em um quiosque na orla da Barra da Tijuca, na madrugada da última quinta-feira (5), quatro homens ligados à facção Comando Vermelho teriam sido executados em resposta ao erro que cometeram. A principal suspeita da Polícia Civil do Rio é que eles teriam confundido o ortopedista Perseu Ribeiro Almeida com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, que comanda a região de Rio das Pedras, na Zona Oeste carioca. Após terem executado a pessoa errada, a morte dos bandidos teria sido ordenada por um “tribunal paralelo do crime”.
Além de Perseu, que tinha características físicas semelhantes ao chefe da milícia, foram assassinados no quiosque os médicos Marcos de Andrade Corsato e Diego Ralf de Souza Bomfim – este último irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL). O único sobrevivente é o ortopedista Daniel Sonnewend Proença, que levou 14 tiros e passou por mais de dez horas de cirurgia. Entre os quatro bandidos suspeitos de terem cometido o crime e executados na sequência está o traficante Philip Motta Pereira, conhecido o Lesk. As investigações mostram que ele teria repassado a informação de que Taillon estaria no quiosque da Barra onde os médicos foram assassinados.
Antes de se associar ao Comando Vermelho, Lesk era chefe de uma milícia que atuava na região da Gardênia Azul, também na Zona Oeste da cidade. Desde que rompeu com os milicianos, o bandido e seu grupo, chamado de “sombra”, estaria vivendo na Cidade de Deus. Na aliança com o CV, o bando teria tido a permissão de Carlinhos Cocaína, um dos chefes da facção, para ficar na favela, devido à proximidade com a comunidade de Rio das Pedras, local que pretendiam tomar.
Na execução ordenada pelos criminosos, também foi morto o traficante Ryan Soares de Almeida, apontado como o braço direito de Lesk. Os outros corpos encontrados são de Thiago Lopes Claro da Silva e Pablo Roberto da Silva dos Reis. Os quatro foram localizados em dois carros e apresentavam perfurações provocadas por disparos de arma de fogo e lesões causadas por facadas. As investigações indicam pelo menos dois líderes do tráfico de drogas nas favelas cariocas – Wilton Carlos Rabello Quintanilha, conhecido como Abelha, e Edgar Alves de Andrade, o Doca -, participaram do “tribunal do crime”.
O crime no quiosque da Barra da Tijuca que resultou na morte de três médicos por engano, de acordo com a polícia, teria sido motivado por vingança pelo assassinato do traficante Paulo Aragão Furtado, o Vin Diesel, por milicianos. Sua morte teria contado com a participação de Taillon, filho de Dalmir Pereira Barbosa, que chefiava a milícia de Rio das Pedras – hoje nas mãos do herdeiro – até ser preso.