Os governadores e os ‘ex’ na delação da JBS
Governadores e ex-governadores de nove Estados receberam recursos da JBS, conforme a delação
Governadores e ex-governadores também foram entregues pela cúpula da JBS no acordo de colaboração premiada celebrado com o Ministério Público Federal. Na maioria dos casos, o método se repetia: pagamentos de propina (como doação oficial, em espécie ou notas frias) para obter favorecimento em licitações ou como contrapartida de benefícios fiscais e tributários concedidos pelos chefes dos executivos estaduais. Os pagamentos ocorreram em nove Estados. Leia abaixo um resumo de cada acusação, conforme a delação.
Silval Barbosa (PMDB), ex-governador do Mato Grosso, recebeu propina de 10 milhões de reais anuais, entre 2012 e 2014, em troca de benefícios fiscais para o grupo J&F, controlador do frigorífico JBS. Havia um acordo para crédito de 73 milhões de ICMS com as plantas localizadas no Estado.
Cid Gomes (PDT), ex-governador do Ceará e ex-ministro da Educação, recebeu em 2014 20 milhões de reais em propina para garantir a liberação de créditos de ICMS a subsidiárias do grupo, sendo por meio de doações oficias e notas frias. Em 2010, havia ficado com 5 milhões de reais, pelos mesmos métodos.
Reinaldo Azambuja (PSDB), Zeca do PT (PT) e André Puccinelli (PMDB), respectivamente governador e ex-governadores do Mato Grosso do Sul, levaram a quantia de 150 milhões de reais, entre 2007 e 2016, por benefícios fiscais. Zeca havia estabelecido uma taxa de 20% sobre qualquer benefício fiscal, em 2003.
Fernando Pimentel (PT), governador de Minas Gerais, obteve 3,6 milhões de reais ilegalmente por meio de um escritório de advocacia de Belo Horizonte – que emitia notas sem prestar serviços. No caso, o recebimento se deu enquanto ele era ministro do Desenvolvimento, no governo Dilma Rousseff e não no exercício do governo mineiro. Tratava-se de um mensalinho de 300 000 reais.
Raimundo Colombo (PSD), governador de Santa Catarina, recebeu 10 milhões de reais para favorecer o grupo J&F em uma licitação promovida pela Companhia de Água e Esgoto de Santa Catarina. A JBS foi convidada a “montar a licitação” por um secretário de Colombo, tendo prévio acesso a edital, informações privilegiadas e poder de fazer alterações sob medida.
Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio de Janeiro, cobrou 40 milhões de reais em propina como contrapartida para autorizar a JBS a assumir uma fábrica da BRF em Piraí, interior do Estado. Mas levou menos. Ao todo, 20 milhões de reais abasteceram campanhas de partidos aliados como doação oficial dissimulada; pelo menos 7,5 milhões de reais foram entregues em espécie ao ex-secretário estadual Hudson Braga. Os repasses ocorreram em 2014.
Robinson Faria (PSD), governador do Rio Grande do Norte, e seu filho, o deputado Fabio Faria (PSD), são acusados de levar 5 milhões de reais para favorecer o grupo empresarial no processo de privatização da Companhia de Água e Esgoto do Estado. Eles teriam facilitado alterações no edital para favorecer o grupo J&F. O negócio não se concretizou. Mas o dinheiro foi repassado por meio de doações registradas de campanha, em 2014, emissão de notas frias e em espécie.
Beto Richa (PSDB), governador do Paraná, teria recebido recursos de caixa dois – 1 milhão de reais por meio do emissário Pepe Richa, seu irmão.
Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco, recebeu 1 milhão de reais em espécie. A JBS mantinha um acordo de contribuição na campanha de 2014, acertado ainda com 0 ex-governador Eduardo Campos, morto em agosto daquele ano. Era uma forma de “homenagear” Campos. Ao todo, o PSB teria 14,6 milhões de reais repassados pelo frigorífico – sem negociações ou promessas de atos de ofício.
Em Rondônia, a JBS manteve um esquema de pagamentos ilegais a fiscais da Receita.