Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Papéis revelam segredos entre Eduardo Cunha e Geddel

Cunha mantinha registro de negócios a cargo do ex-ministro. Para a PF, políticos ajudavam empresários como Eike Batista a receber recursos da Caixa

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 jan 2017, 19h53 - Publicado em 13 jan 2017, 18h12

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira a operação “Cui Bono”, expressão em latim que significa “a quem interessa?”, tendo como principal alvo o ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. A investida dos investigadores é resultado da análise de mensagens de celular, documentos e e-mails apreendidos em endereços ligados ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, em dezembro de 2015. Esse vasto material, obtido por VEJA, dá a dimensão de como funcionava a quadrilha que arrecadava propinas na Caixa Econômica Federal – e os seus principais integrantes.

Entre os documentos encontrados pela PF, estavam papéis com uma relação de empresas que pleiteavam empréstimos e financiamentos na Caixa, além de informações detalhadas sobre taxas de juros, prazos das transações e os valores de cada operação. Uma folha, destacada com o título “Pipe Line Geddel” (o equivalente a “Duto Geddel”), faz referências a companhias como Eldorado, Flora, Vigor, Bertin e J&F. Há ainda outro material, chamado de “Pendência Geddel”, que lista uma série de operações de crédito envolvendo a J&F, a Hypermarcas e a Gol.

Mensagens trocadas entre Eduardo Cunha e Geddel reforçam os indícios de que os dois peemedebistas se aliaram para manipular empréstimos e investimentos liberados pela Caixa. Em 30 julho de 2012, por exemplo, Cunha e Geddel trataram de uma liberação de um financiamento da Marfrig. “Voto sai hj”, informa Geddel para Cunha. Um mês depois, a Marfrig, quando estava com a corda no pescoço e prestes a se desfazer de alguns negócios para quitar a sua dívida, fechou um empréstimo de 350 milhões de reais com a Caixa. Em outro caso, envolvendo a empresa de eletrônicos Digibras, o ex-ministro escreve para o ex-presidente da Câmara: “Já estou entrando no circuito”.

ec3
Documento encontrado pela PF: Geddel atuava em operações da Caixa ()

 

EIKE NA MIRA

Apesar de estar fora da operação deflagrada nesta sexta-feira, o empresário Eike Batista também está na mira dos investigadores. A Polícia Federal encontrou mensagens de Cunha que tratam de negócios do interesse do fundador do grupo EBX. Em abril de 2012, o ex-presidente da Câmara mandou mensagem para uma pessoa identificada como Gordon Gekko. O apelido, uma referência ao especulador do mercado financeiro interpretado pelo ator americano Michael Douglas no filme Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme, era usado por Fábio Cleto. “E Eike?”, indagou o ex-presidente da Câmara. “Eike tudo bem, abordado o tema do FI”, respondeu Cleto. “Conversei com ele e com vp de relacoe inst  (amaury) sobre isso, dizendo de onde vem a resitencia e de que maneira esta sendo encaminhado”, informou Cleto (as mensagens estão reproduzidas conforme foram escritas). Para os investigadores, “fica claro o interesse de Eduardo Cunha no andamento dos financiamentos das empresas ligadas a Eike Batista”.

Continua após a publicidade

Cunha não era o único interessado em ajudar o empresário Eike Batista, que chegou a ser um dos homens mais ricos do mundo antes de as suas empresas derreteram na Bolsa de Valores. Quatro meses depois da mensagem de Cunha, em junho de 2012, o ex-presidente da Câmara André Vargas escreveu para Cleto: “Eike estará com hereda hoje?”. Hereda é Jorge Hereda, ex-presidente da Caixa. O vice-presidente de Câmara responde para o parlamentar petista: “Hj tem assinatura de um contrato para osx…imagino que sim”. Vargas demonstra ter conhecimento de detalhes da transação: “Eles estao pedindo para mudar estrutura da operacao o que faz com que a coisa volte ao comite que estara conturbado”. Para a Polícia Federal, as mensagens “indicam a gestão de interesses de Eike Batista e suas empresas pelo então deputado federal André Vargas e Fábio Cleto junto ao comitê diretor do FI-FGTS”.

av
Mensagens trocadas entre André Vargas e Fábio Cleto: suspeita de negociatas em favor de Eike ()

Em 2012, a empresa de logística LLX, então controlada por Eike Batista, captou 750 milhões de reais no FI-FGTS para a construção do Porto de Açu, no Rio de Janeiro. Os recursos estavam travados na Caixa por conta das garantias apresentadas pela companhia, que eram consideradas insuficientes para o banco estatal autorizar a operação. De acordo com a delação de Cleto, Cunha atuou para contornar esse impasse – e, em troca, a empresa de Eike pagou 6 milhões de reais em propinas. Os envolvidos negam as suspeitas de irregularidades.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.