O presidente Michel Temer (PMDB) disse nesta quinta-feira que gostaria que o processo de cassação da chapa com Dilma Rousseff (PT) nas eleições presidenciais de 2014 fosse julgada rapidamente para tirar uma “pauta negativa” da frente. Na terça-feira, o julgamento foi adiado para que novos depoimentos fossem colhidos.
“Eu gostaria que fosse julgado o mais rápido possível. Os dados até agora mostram que eu não tive participação em nenhuma bandalheira. Que se decida rapidamente, porque aí você tira uma pauta negativa da sua frente”, disse o peemedebista em entrevista à Rádio Bandeirantes.
Ele também defendeu que a ação, que investiga abuso de poder econômico na campanha eleitoral, deveria ser arquivada. “A improcedência da ação daria tranquilidade ao país”, disse Temer, que voltou a defender a tese de que as contas dele e de Dilma devem ser julgadas separadamente. “No tocante à arrecadação [de recursos para a campanha], as nossas contas foram separadas”, afirmou.
Sobre as dificuldades que vem enfrentando no Congresso para aprovar reformas polêmicas, como a da Previdência, o presidente disse que não se sente “abandonado” – questionamento feito pelo entrevistador, José Luiz Datena. “Eu não me sinto abandonado, não. Já propusemos coisas dificílimas ao Congresso Nacional e tivemos aprovações muito expressivas”, disse citando a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto de Gastos, aprovada com 366 votos quando o governo precisava de 308.
Em relação às críticas que tem recebido do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, que é contra a aprovação da reforma da Previdência nos moldes em que foi proposta e tenta atrair mais peemedebistas para fustigar o governo, Temer disse que entende o colega de partido e citou dificuldades políticas dele em Alagoas, seu reduto eleitoral.
“Eu compreendo o Renan, as dificuldades dele. Ele sempre agiu dessa maneira, ele vai e volta. Politicamente, estou tratando isso com muito cuidado”, afirmou, ressalvando que não responde porque não vai ficar brigando o tempo todo “com quem não é presidente da República”.
Temer disse ainda que, apesar das propostas consideradas impopulares que tem na agenda – além da reforma da Previdência, tem a trabalhista e a tributária -, espera “reconhecimento posterior” do seu desempenho como presidente. “Eu não tomo medidas populistas, irresponsáveis, que causam benefício imediato, mas depois trazem um prejuízo fantástico ao país, que foi o que ocorreu no passado. Eu tomo medidas que demandam reconhecimento posterior”, afirmou.