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‘Pensei o pior’, diz mãe de vítima de acidente em SP; médico chora

Das dezenove pessoas que ficaram feridas em colisão entre caminhão e van escolar, quinze eram crianças

Por Gilmara Santos
Atualizado em 4 jun 2024, 17h44 - Publicado em 13 abr 2018, 18h44
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  • Quando chegou ao local onde um caminhão havia colidido com uma van escolar na manhã desta sexta-feira em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo, a técnica da raios X Edna Leal, 41, se recorda de presenciar um cenário de desespero. “Vi muito sangue na calçada e pensei o pior.” Ela tinha ido ao encontro da filha Ana Clara, 13, que sofreu uma fratura na perna e conseguiu pedir que a avisassem.

    Edna conta que Ana Clara passou por uma cirurgia e passa bem, se recuperando em uma unidade de tratamento intensivo. Sua filha, que usa a van há sete anos, não se lembra do acidente que deixou dezenove feridos (sendo quinze crianças) e só pergunta pelos amigos. Ela relata que tinha acabado de chegar em casa quando se despediu da filha, que saía para ir à escola. Minutos depois, uma vizinha ligou falando do acidente, avisada pela própria Ana Clara. Ao chegar ao local, viu que a filha estava consciente.  “Consegui falar com ela antes, então estava mais tranquila”, conta.

    Além das quinze crianças, de doze e treze anos de idade, ficaram feridos o motorista do caminhão e o auxiliar da condução e mais duas pessoas que estavam no local. Os menores são alunos da escola Dagmar Ribas Trindade, da rede municipal de Barueri, onde o dia era de provas.

    De acordo com outra mãe, que preferiu não se identificar, a van estava fazendo um retorno para buscar sua filha em frente a um condomínio. Como a colisão se deu antes da chegada ao prédio, a menina não entrou na van. Tatiana Marciel estava entrando no condomínio em frente ao local do acidente quando ouviu o barulho, voltou correndo e chamou a filha da vizinha que aguardava a van. “Foi assustador”, disse.

    Comoção

    Até o final da tarde de sexta duas crianças estavam em estado grave. Uma aluna teve politraumatismo e foi transferida, pelo helicóptero da Polícia Militar, para o Hospital das Clínicas de São Paulo. Antes da chegada do Corpo de Bombeiros, acionado às 11h49 desta sexta, populares já haviam socorrido três vítimas. Os feridos foram direcionados a hospitais da região.

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    O segundo caso mais grave é de uma criança que sofreu uma parada cardiorrespiratória. Ela e mais seis estudantes foram levadas para o Hospital Geral de Carapicuíba, onde duas delas passaram por cirurgia. Uma oitava criança foi transferida para o Hospital Regional de Osasco porque precisava de atendimento neurológico.

    No hospital de Carapicuíba foi montado um esquema especial para receber as vítimas assim que foi avisado do acidente. Cirurgias e exames que não eram considerados urgentes foram cancelados. Macas foram levadas para o andar térreo para aguardar as crianças. Quando chegaram, o andar das UTIs já estava liberado.

    O clima era de comoção entre os funcionários — um deles relatou que um cirurgião, que tem filho na mesma faixa etária, chorou ao conversar com os pais. O major Danilo de Oliveira Godoy, que comandou os trabalhos de resgate, quase foi às lágrimas em entrevista coletiva. Sua voz embargou e contou ter ligado para a filha antes de falar com a imprensa.

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    Acidente

    O caminhão perdeu o freio e desceu desgovernado, entrando em choque com um veículo particular, atingido apenas na traseira, depois na van e acabou no quintal de uma casa. Os dois passageiros do veículo e a família que vive na residência não sofreram nenhuma escoriação. O acidente provocou um barulho ouvido a pelo menos um quarteirão de distância, de acordo com testemunhas.

    O comerciante Bruno Domingos conta que ajudou no resgate. Ele disse que ouviu o barulho e correu para ver o que era: as crianças estavam muito assustadas e chorando e a motorista estava do lado de fora da van, na calçada. Domingos conta que fez massagem cardíaca em uma criança que não conseguia respirar e, quando os Bombeiros chegaram, ela estava melhor.

    Ester, assistente administrativa no Hospital de Barueri que estava no carro atingido ao lado do marido, afirmou que aquele cruzamento é “considerado perigoso na região”, por se tratar do final de rua íngreme pela qual passam diariamente caminhões. Uma testemunha que estava na rua viu todo o acontecido e irá à delegacia prestar depoimento.

    Os moradores afirmam que o local tem grande fluxo de caminhões e que os acidentes são constantes — não há sinalização e a parte mais alta do bairro abriga várias empresas. Há um mês um caminhão perdeu o controle e atingiu o portão de uma casa. Edna Leal, mãe de Ana Clara, cobra melhor sinalização e restrição ao trânsito de caminhões no local.

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