Joias, entorpecentes e até mesmo uma arma estão entre os itens apreendidos em endereços ligados a deputados estaduais de Mato Grosso, alvo da Operação Malebouge, embasada na delação do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). As buscas e apreensões miram o pagamento de propinas a políticos do estado, entre eles, os flagrados nas imagens da romaria para o recebimento de maços de dinheiro no gabinete de Silval, o delator peemedebista.
A Operação Malebolge, deflagrada no dia 14 de setembro, por ordem do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, tem como alvo sete deputados estaduais de Mato Grosso. Naquele dia, a Polícia Federal vasculhou por mais de duas horas os gabinetes e endereços residenciais de Wagner Ramos (PSD), Silvano Amaral (PMDB), Baiano Filho (PSDB), Romoaldo Júnior (PMDB), José Domingos Fraga (PSD), Oscar Bezerra (PSB) e Gilmar Fabris (PSD).
Na residência de Itamara Cenci, ex-mulher do deputado Fraga, foram encontradas cápsulas de ecstasy “em formato de sorvete”, como descreveu a Polícia Federal. A perícia ainda vai avaliar o conteúdo de um envelope com 14,5 gramas de pó branco. As drogas estavam em um cofre. Diversos brincos, pulseiras e anéis também foram localizados na casa de Itamara.
Fraga é um dos deputados que aparecem em vídeos pegando dinheiro no gabinete de Silval. Ele levou os maços em uma caixa de papelão.
No endereço de Airton Rondina (PSD), que foi flagrado em vídeo pegando dinheiro no gabinete de Silval , havia uma garrucha de cano simples e cinquenta cartuchos de munição.
Maria Aparecida Gonçalves, com quem o deputado Romualdo Júnior tem uma filha, também foi conduzida coercitivamente e alvo de buscas e apreensões. Na declaração de seu imposto de renda de 2015/16 encontrada em sua casa foi identificada uma doação do parlamentar no valor de 300.000 reais.
Investigação
Ao pedir a investigação sobre a origem do repasse, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que é “importante destacar que entre os crimes investigados, em tese praticados por Romoaldo Júnior, encontra-se o crime de corrupção passiva por ter recebido a quantia de 600.000 reais, em doze parcelas de 50.000 reais do então governador Silval Barbosa na condição de Deputado Estadual para manter a governabilidade, votar de acordo com os projetos do governo e não investigar os membros do alto escalão”.