A Polícia Militar do Rio Grande do Norte entrou na manhã deste sábado no presídio de Alcaçuz, em Nísia Floresta, região metropolitana de Natal, para construir o “muro” de containeres que vai separar os presos das facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Sindicato do Crime. Dominada pelos detentos desde o sábado passado, quando 26 presos foram mortos, a cadeia é a maior do Estado.
Policiais do Batalhão de Choque (BPChoque), do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Grupo de Operações Especiais (GOE) participaram da ação na manhã de hoje. A divisão com containeres é provisória e permanecerá no pátio do presídio até que um muro seja erguido.
Nesta quinta, a penitenciária viveu um dos seus piores dias desde o início da rebelião, com novo enfrentamento entre os grupos. Além das já conhecidas armas improvisadas, como lanças e escudos, os presos utilizaram armas de fogo e queimaram um edifício perto do Pavilhão 3. A Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) confirmou que houve pelo menos duas mortes no segundo confronto. Os corpos ainda não foram retirados.
A circulação livre dos presos pelos pavilhões podia ser vista por vizinhos e por todos que observavam a cadeia a distância. Alguns deles voltaram a ocupar o teto dos pavilhões, ainda com as bandeiras hasteadas e com celulares nas mãos.
O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), admitiu que uma solução à crise no presídio seria “acabar com Alcaçuz”. “Hoje tem de ser um novo presídio, até porque aquilo foi construído em cima de uma duna, foi um equívoco da época”. Faria ressaltou que apenas com a conclusão de dois presídios estaduais e de uma nova cadeia com verba federal se poderá “apagar a história maldita de Alcaçuz”.
O Rio Grande do Norte tem 7.400 presos em regime fechado ou semiaberto e acumula um déficit de 3.500 vagas.
(com Estadão Conteúdo)