Poliomielite: 70 anos após criação da vacina, cobertura despenca no Brasil
Índice de vacinação caiu de 96% para 72% em 10 anos; meta do Ministério da Saúde é imunizar 95% das crianças
Há exatos 70 anos, o virologista norte-americano Jonas Salk iniciava os testes da primeira vacina do mundo contra a poliomielite. À época, a doença causava cerca de meio milhão de mortes ou paralisias permanentes em todo o mundo, e o imunizante foi o primeiro passo para que, décadas depois, dezenas de países atingissem o estágio de erradicação do vírus — entre eles, o Brasil, que não registra novas infecções do tipo desde 1989.
Sete décadas depois, contudo, o risco de novos casos de pólio volta a pairar sobre os brasileiros, em razão da queda brusca na imunização registrada nos últimos anos. Entre 2012 e 2022, a cobertura vacinal contra a paralisia infantil despencou de 96% para 72% em todo o território nacional, muito abaixo da atual meta de 95% estabelecida pelo Ministério da Saúde.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, já assumiu publicamente o compromisso de enfrentamento às fake news, fenômeno ao qual atribui a baixa adesão à vacinação, citando falsos relatos que circulam nas redes sociais sobre crianças que teriam adoecido após a imunização. A preocupação não se resume ao Brasil — no ano passado, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, lamentou que a poliomielite ainda seja endêmica no Paquistão e Afeganistão e alertou que, caso as barreiras à cobertura vacinal persistam, o mundo vive um perigo real de novo surto da doença.