PRB nega que Marcos Pereira tenha recebido dinheiro da Odebrecht
Pereira foi nomeado ministro da Indústria, Comércio e Serviços quando Michel Temer assumiu interinamente a presidência da República
O Partido Republicano Brasileiro (PRB) negou, em nota divulgada neste domingo, que o ministro Marcos Pereira, presidente nacional licenciado da sigla, tenha recebido da Odebrecht dinheiro de caixa 2 para a campanha de 2014.
Segundo matéria publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, depoimento que integra a delação da empreiteira na Lava Jato cita Marcos Pereira como negociador de um repasse de 7 milhões de reais da Odebrecht para o PRB na campanha de 2014. Os recursos, entregues em dinheiro vivo, compraram apoio do partido à reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff.
A informação é rechaçada pelo PRB, que argumenta que a matéria “adotou palavras unilaterais de delação premiada” cujo sigilo não foi levantado pela Justiça, o que, segundo o partido, levou a citações de “frases genéricas que não têm forma ou conteúdo de prova”.
O PRB lembra que, à época da campanha, tinha apenas oito deputados federais e o menor tempo de televisão entre os partidos que apoiaram Dilma. Ressalta ainda que a convenção que definiu o apoio ao PT aconteceu nas últimas horas do último dia possível.
De acordo com a nota, Marcos Pereira, nomeado ministro da Indústria, Comércio e Serviços, quando Michel Temer assumiu ainda interinamente a presidência da República, tentou até o fim levar o PRB a outro projeto, o que acabou não acontecendo por questões conjunturais.
O partido diz que Pereira esteve na sede da Odebrecht por duas vezes para tratar de doações de campanha dentro da lei, quando as regras eleitorais ainda permitiam arrecadar recursos empresariais. “No entanto, nenhum valor foi destinado ao partido”, aponta a nota do PRB.
De acordo com a reportagem, o dinheiro dado ao PRB fazia parte de um pacote maior, que envolvia também o apoio de PROS, PCdoB, PP e PDT à chapa governista. Ao todo, a Odebrecht colocou cerca de 30 milhões de reais na operação, como o Estado revelou em dezembro. O acordo é descrito, com diferentes pedaços da história, nas delações de Marcelo Odebrecht, ex-presidente e dono da empreiteira, e dos executivos Alexandrino Alencar e Fernando Cunha.
Presidente licenciado do PRB, Marcos Pereira é homem forte no partido fundado por integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus após o escândalo do mensalão. Ao Estado, ele contou que ajudava a arrecadar recursos para campanhas do seu partido, que tem 23 deputados, um senador e comanda a prefeitura do Rio, com Marcelo Crivella. A pasta da Indústria, embora tenha perdido poderes com Temer, continua sendo uma das mais relevantes do governo.
(Com Estadão Conteúdo)