O Ministério Público Federal pediu nesta sexta-feira que a mulher do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), Adriana Ancelmo, deixe a prisão domiciliar e volte para o presídio em que estava, no Complexo de Gericinó, em Bangu.
O pedido foi feito pela Procuradoria-Geral da República ao Superior Tribunal de Justiça. Adriana ganhou direito a cumprir pena no seu apartamento, no Leblon, em razão de decisão da ministra Maria Thereza de Assis Moura, do STJ. No recurso, o subprocurador-geral da República Rogério Paiva Navarro pede que a decisão seja revista ou, ao menos, que ela seja encaminhada para julgamento pela Sexta Turma do STJ, que tem cinco ministros no total, incluindo a magistrada
O MPF alega, em síntese, que não foram apresentados fatos novos ou motivações que justifiquem a concessão da prisão domiciliar, conforme entendeu o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF 2) ao cassar o benefício concedido em primeira instância à ex-primeira-dama – Adriana recorreu e conseguiu reaver o direito no STJ. A alegação da defesa para conseguir a mudança de regime é que ela tem um filho menor de 12 anos (tem um de 11 e outro de 14) e precisa cuidar deles, já que Cabral, pai dos meninos, também está preso – a medida é prevista em lei.
Adriana foi presa em 6 de dezembro do ano passado pela Operação Calicute, um desdobramento da Operação Lava Jato, que desvendou um esquema de corrupção cuja peça central é Cabral. Segundo as investigações, há evidências de que a ex-primeira-dama recebeu dinheiro de operadores financeiros do ex-governador e teria usado seu próprio escritório de advocacia, o Ancelmo Advogados, para lavar dinheiro de propina destinado ao marido.
Ao chegar ao seu apartamento, na quarta-feira, a ex-primeira-dama foi alvo de xingamentos por um grupo de manifestantes que exigia sua volta para o presídio. Na prisão domiciliar, Adriana não pode usar telefone nem ter acesso à internet e só receber visitas de advogados e parentes de até terceiro grau. Ela não pode sair de casa, a não ser em situações de emergência. A ex-primeira-dama não precisa usar tornozeleira e nem é acompanhada por policiais.
(Com Estadão Contedúdo)