Quase 20% dos moradores de favelas no Brasil residem em vias onde só se acessa a pé, moto ou bicicleta
Problema dificulta o saneamento e a coleta de resíduos; mais de 3 milhões de pessoas em comunidades urbanas também não têm pavimentação onde moram
Novo recorte do Censo 2022, divulgado nesta sexta-feira, 5, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mostrou que 19,2% da população que reside em favelas no Brasil moram em vias onde só é possível chegar a pé, em motos ou bicicletas. Em números absolutos, esse percentual corresponde a 3,1 milhões de pessoas sem acesso próximo a carros, ambulâncias, ônibus ou vans, por exemplo, cenário que reforça a disparidade para quem vive fora dessas comunidades. Neste cenário, apenas 1,4% da população passa pela mesma situação. Além disso, outros 3,5 milhões de brasileiros moradores dessas comunidades urbanas dormem e acordam em vias onde não há pavimentação.
O saneamento básico também persiste como uma lacuna a ser preenchida para milhões de pessoas no país. Mais da metade dos moradores de favelas (54,6%, o que corresponde a 8,8 milhões de pessoas) vivem em trechos de vias sem infraestrutura de escoamento adequada, como bueiros ou bocas de lobo. Quanto à iluminação pública, o cenário é um pouco mais animado: nove em cada dez moradores dessas comunidades, ou 91,1%, moram em ruas com iluminação pública, um montante de 14,7 milhões de pessoas. Ainda assim, 1,4 milhões de moradores (8,9%) não contam com esse serviço.
Os dados fazem parte do recorte do Censo 2022 voltado para as características urbanísticas do entorno dos domicílios, com foco justamente nas favelas e comunidades urbanas. A pesquisa abrange 16,2 milhões de pessoas residentes em 12,3 mil favelas em 656 municípios do país.
Na lista das comunidades urbanas mais populosas, Rocinha e Rio das Pedras, ambas na cidade do Rio de Janeiro, e Paraisópolis, na capital paulista, tiveram os mais altos percentuais de moradores vivendo em trechos de vias com capacidade máxima de circulação por moto, bicicleta ou pedestre: 81,9%, 71,5% e 59,2% respectivamente.
Consequência desse problema, a coleta de resíduos por caminhões de lixo, por exemplo, é dificultada nesses locais. “Para que o lixo seja coletado diretamente por serviço de limpeza, é esperado que os domicílios se localizem em trechos de vias com capacidade máxima de circulação por caminhão, ônibus e veículos de transporte de carga”, explica o chefe do Setor de Pesquisas Territoriais do IBGE, Filipe Borsani.
Gramado suspende festividade de natal após acidente aéreo que matou 10 pessoas
Câmara aprova projeto que reduz penas de condenados por atos golpistas
STF suspende parcialmente decisão sobre Lei do Impeachment







