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Quase 8% dos caminhoneiros dirigem sob efeito de drogas, diz pesquisa

Como o presidente Jair Bolsonaro, autora do estudo não concorda com os exames toxicológicos obrigatórios

Por Giovanna Romano Atualizado em 7 jun 2019, 17h55 - Publicado em 7 jun 2019, 17h17

Uma pesquisa realizada pelo projeto Comandos de Saúde nas Rodovias em São Paulo, feita em um período de oito anos, revelou que 7,8% dos motoristas de caminhão no Brasil fazem o uso de drogas ilícitas —anfetamina, cocaína e maconha. Vilma Leyton, doutora pela USP em toxicologia e autora do estudo, diz acreditar que tal número deveria ser menor, mas não concorda com os exames toxicológicos obrigatórios. “Isso só está lucrando os laboratórios.”

A pesquisadora diz a VEJA que o exame não é uma medida eficaz para a segurança viária e não é feito em nenhum lugar do mundo. “Não adianta nada você fazer o exame uma vez a cada cinco anos, e depois a pessoa continuar dirigindo”.

A pesquisa, realizada com 4.110 caminhoneiros, indicou que, entre 2009 e 2016, a substância predominante foi a cocaína (3,6%), seguida da anfetamina (3,4%) e da maconha (1,6%).

“Eles informaram o motivo: por causa da longa jornada de trabalho. Não usam como recreativo”, revelou Vilma.

A conclusão do estudo é que o uso das substâncias não diminuiu durante o período, o que indica a necessidade das medidas preventivas para reduzir o uso de drogas. A pesquisadora sugere um controle maior de fiscalização, por exemplo, dentro das empresas que contratam os caminhoneiros.

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A Lei 13.103/2015, conhecida como a “Lei do Caminhoneiro”, trouxe a obrigatoriedade da realização do exame toxicológicos para os motoristas profissionais de transporte rodoviário de passageiros e de cargas. Na última quinta-feira, 5, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) entregou à Câmara um projeto de lei que prevê, entre outras medidas, eliminar o teste.

A pesquisadora explica que o método escolhido e utilizado foi a urina. Isso significa que não necessariamente o caminhoneiro estava sob efeito de droga no dia em que foi realizado o exame, porque as substâncias ilícitas continuam no corpo do motorista por alguns dias.

Já o presidente da Comissão Especial de Direito do Trânsito da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Armando Silva de Souza, critica a revogação do teste toxicológico. “O objetivo do código [de trânsito] é a segurança, resguardar a vida das pessoas. Quando um projeto de lei revoga tais testes, ele coloca em risco a vida de terceiros nas rodovias públicas”, afirmou.

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