Raiva humana já matou 12 pessoas no Pará e coloca SP em alerta
Até agora, foram catorze casos confirmados na comunidade de Melgaço, região menos desenvolvida do país; em São Paulo, 101 animais diagnosticados
Desde o início do ano, pelo menos doze pessoas morreram vítimas de raiva humana na comunidade de Melgaço, no arquipélago de Marajó, no Pará. No município, que tem o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, são catorze os casos notificados, com sete tendo sido confirmados laboratorialmente pelos institutos Evandro Chagas e Pasteur.
A Secretaria de Saúde do estado considera a situação sob controle, alegando que não há 30 dias não são identificados novos casos na região. A previsão é que os técnicos permaneçam, com o trabalho de prevenção, até o final do próximo mês.
A principal dificuldade da comunidade são as condições sanitárias, que teriam causado o surto de raiva. Os moradores também alegam não ter condições financeiras para colocar telas nas janelas, evitando a entrada dos morcegos. A maioria dos habitantes vive em palafitas, com esgoto ao ar livre.
Apesar da situação no Pará, o Ministério da Saúde afirmou que o país se encontra próximo da eliminação da doença. Em 2017, foram registrados seis casos de raiva humana, sendo um em Pernambuco, um em Tocantins, um na Bahia e três no Amazonas, todos causados pela variante do vírus que circula entre morcegos.
O Ministério da Saúde diz ainda que não há falta de vacinas antirrábicas caninas. Para este ano, estão previstas 29,5 milhões de doses que já estão sendo distribuídas nos Estados. A maioria deles, no entanto, realiza as campanhas de vacinação entre setembro e novembro.
SP em alerta
De janeiro até esta segunda-feira, 18, houve no Estado de São Paulo 101 registros de raiva em bovinos, equinos e suínos, além de dois casos em animais domésticos. O aumento foi de 53% ante o mesmo período de 2017, quando houve 66 casos. Os dados são da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
A tendência de crescimento já havia sido observada no ano passado, quando houve 196 casos em bovinos, equinos e ovinos, ante 105 em 2016. Esses registros têm levado a alertas sanitários no interior paulista. A doença, de alta letalidade, pode ser transmitida para o homem, principalmente pela saliva do animal doente.
Em Angatuba, na região de Itapetininga, a Defesa Agropecuária confirmou na sexta-feira (15) o vírus em um cavalo, que morreu com sintomas de raiva. Na mesma propriedade, foi encontrada uma colônia de morcegos hematófagos – que se alimentam de sangue dos animais -, possíveis transmissores da doença.
Em Monte Mor, região de Campinas, oito animais morreram este ano. A doença atingiu bovinos e equinos jovens e adultos. Jundiaí teve cinco mortes confirmadas este ano.
Inspeções
Segundo o médico veterinário Paulo Antonio Fadil, responsável pelo Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros, nas regiões com casos positivos estão sendo realizadas inspeções para o controle de focos do morcego.
Este ano, foram feitas 1.600 inspeções em abrigos, com 2.900 mil morcegos hematófagos capturados. “Sempre que há suspeita ou diagnóstico positivo para raiva animal, uma equipe de controle é mobilizada para realizar a fiscalização no entorno do foco”, explicou Fadil.
O controle da raiva em animais domésticos, como cães e gatos, é feito pela Secretaria da Saúde por causa da maior proximidade desses animais com o homem. Em maio, foi confirmado um caso em um cão, em Santa Fé do Sul, no noroeste paulista. O animal morreu e a vacinação de cães e gatos, prevista para outubro, foi antecipada para o início de junho.
Em Piracicaba, também no interior do estado, um gato morreu com a doença no bairro Ibitiruna e felinos foram vacinados em um raio de cinco quilômetros. A Vigilância Epidemiológica aplicou soro e vacina nas pessoas que tiveram contato com o animal. Em Americana, foi confirmada a raiva em um morcego encontrado morto no bairro Ibitiruna. Cães e gatos da região estão sendo imunizados.