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Roraima: freezer e galinheiro eram celas no presídio do massacre

Inspeções na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, palco de 43 mortes desde o ano passado, revela péssimas condições e improviso do governo de Roraima

Por Felipe Frazão Atualizado em 6 jan 2017, 15h37 - Publicado em 6 jan 2017, 11h58

Dominada pelas facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e a Família do Norte (FDN), a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, a maior de Boa Vista, tem um histórico de péssimas condições e superlotação. Duas cenas encontradas por integrantes do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária durante uma inspeção em 2014 mereceram destaque no relatório do órgão: um freezer e até um galinheiro abrigavam os presos, também espalhados em redes sob árvores. Um detento dava expediente como enfermeiro.

Atualmente, a penitenciária destinada a presos do regime fechado também abriga apenados do semiaberto. O último relatório do Conselho Nacional de Justiça, de setembro do ano passado, indica que as condição continuavam deploráveis dois anos depois: havia 1398 presos na unidade, quase o dobro das 750 vagas disponíveis. Ao menos 161 detentos ficavam em celas de segurança, o “seguro”. Havia 23 presos de nacionalidade estrangeira, e 79 indígenas. A ampla maioria dos internos – 923 ao todo – era de presos provisórios, à espera de julgamento.

As visitas à penitenciária de Monte Cristo também mostraram o grau de improvisação com que o Estado trata o local, com esgoto a céu aberto: “Uma antiga cozinha virou alojamento, e um freezer virou cela”, diz um documento sobre o regime fechado. No semiaberto, havia “barracos individuais e coletivos (favela dentro da penitenciária)” e “barraco dentro do galinheiro com 150 galinhas”, ou dormindo em redes armadas em árvores ou em colchonetes debaixo delas. O serviço de enfermaria era prestado por um preso. Por algum tempo, só havia uma viatura na unidade, comandada e monitorada por policiais militares.

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Desde outubro do ano passado, a Monte Cristo contabiliza 43 assassinatos cruéis com decapitações e esquartejamentos como consequência da guerra do tráfico, que eclodiu nacionalmente entre o PCC e o Comando Vermelho (CV), do Rio, aliado ao FDN desde a fundação da facção amazônica.

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