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“Se entregarmos o Zé, entregamos o Supremo”, diz Joesley

Em novo trecho dos áudios entregues à PGR, delatores falam da influência de ex-ministro José Eduardo Cardozo no STF

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 set 2017, 17h02 - Publicado em 5 set 2017, 11h34
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  • Nos áudios entregues ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, os delatores Joesley Batista e Ricardo Saud falam abertamente da suposta influência do ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo na corte. Segundo Joesley, Cardozo era um dos alvos das gravações da delação premiada por supostamente manter sob sua influência alguns ministros do Supremo.

    No diálogo, obtido por VEJA com exclusividade, Joesley e o executivo Ricardo Saud conversam sobre uma advogada que estaria preocupada com a possibilidade de os delatores comprometerem o ex-ministro da Justiça nas investigações: “(A advogada) Surtou por causa do Zé e porque sabe que se nós entregar o Zé, nós entrega o Supremo… Eu falei pro, eu falei pro Marcelo (Miller, ex-procurador da PGR), cê quer pegar o Supremo? Quer? Pega o Zé. Guarda o Zé, o Zé entrega o Supremo”, diz Joesley.

    Diante da análise de Joesley, o executivo Ricardo Saud afirma que o ex-ministro José Eduardo Cardozo não resistiria a “meia-hora de cana”, no que Joesley concorda: “Não, que isso… (O Zé) Não aguenta meia-hora”, diz Joesley.

    No início da manhã desta terça-feira, VEJA teve acesso às conversas que os delatores da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud entregaram à Procuradoria-Geral da República (PGR) na última quinta-feira à noite. Na primeira parte dos áudios (confira abaixo), os dois delatores, aparentemente sem notar que estão eles próprios se gravando, falam, entre outros temas, sobre como se aproximar do procurador-geral Rodrigo Janot por meio do agora ex-procurador Marcelo Miller e sobre a exigência de eles não serem presos após fecharem os acordos de delação premiada.

    Em um dos pontos mais sensíveis do áudio, possivelmente gravado no dia 17 de março, Joesley e Ricardo Saud afirmam que Fernanda, possivelmente a advogada Fernanda Tórtima, “surtou” porque, a depender dos rumos da delação e de qual autoridade citassem em depoimento, os dois poderiam “entregar” o Supremo, em referência a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Os delatores também analisam que, ao decidirem delatar, têm de “ser a tampa do caixão” na política brasileira.

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    “Eu quero nós dois 100% alinhado com o Marcelo…nós dois temos que operar o Marcelo direitinho pra chegar no Janot…eu acho…é o que falei com a Fernanda [possivelmente Fernanda Tórtima, advogada]…nós nunca podemos ser o primeiro, nós temos que ser o último, nós temos que ser a tampa do caixão…Fernanda, nós nunca vamos ser quem vai dar o primeiro tiro, nós vamos o último…vai ser que vai bater o prego da tampa”, diz Joesley Batista em um dos trechos da gravação. “Nós fomos intensos pra fazer, temos que intensos pra terminar”, completa o empresário.

    Na conversa, Saud comenta como Marcelo Miller, que foi braço-direito de Janot no Ministério Público, está atuando para “tranquilizar” os delatores e relata que a tática para se aproximar e conquistar a confiança do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é  “chamar todo mundo de bandido”. “Cara, eu vou te contar um negócio, sério mesmo. Nós somos do serviço, né? (A gente) vai acabar virando amigo desse Ministério Público, você vai ver. Nóis vai virar amigo desse Janot. Nóis vai virar funcionário desse Janot. (risos). Nós vai falar a língua deles. Você sabe o que que é?”, questiona Joesley.

    “A língua… domina o país… dominar o país”, completa Saud. Na sequência, Joesley dá a deixa: “Você quer conquistar o Marcelo? Você já achou o jeito. Cê quer conquistar o Marcelo? Você já achou o jeito. É só começar a chamar esse povo de bandido. Esses vagabundo bandido, assim”.

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