O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, advertiu que a situação na Faixa de Gaza está à beira de uma guerra e se disse impactado pela quantidade de palestinos mortos e feridos por forças israelenses. Suas ponderações constam de um relatório ao qual as agências de notícias tiveram acesso na segunda-feira (18).
No texto, enviado na semana ao Conselho de Segurança da ONU, Guterres disse “condenar inequivocamente os passos dados por todas as partes que nos levaram a esse lugar perigoso e frágil” no conflito israelense-palestino.
A recente onda de violência em Gaza tornou-se a escalada mais séria entre Israel e Hamas desde 2014.
“É e deveria ser um alerta para todos o quanto essa situação está próxima de uma guerra”, disse Guterres. “Estou impactado pela quantidade de palestinos mortos e feridos pelo uso de fogo real por parte das forças de defesa de Israel”, desde que começaram os protestos em 30 de março.
Pelo menos 132 palestinos morreram desde o início da Marcha para o Regresso, no final de abril. O movimento pleiteia o retorno para seus lugares de origem no atual território de Israel.
O ápice dessas manifestações aconteceu no dia de celebração dos 70 anos de Israel, em 14 de maio passado, quando os Estados Unidos inauguraram sua embaixada em Jerusalém. A Cruz Vermelha informa que mais de 13.000 palestinos foram feridos nessas manifestações, das quais 1.400 por tiros.
Segundo Guterres, Israel tem responsabilidade para “exercer a máxima moderação” e proteger os civis de acordo com a lei humanitária internacional.
“São particularmente inaceitáveis os assassinatos de crianças, tanto como de jornalistas quanto de funcionários da equipe médica claramente identificados”, acrescentou, referindo-se a ataques contra manifestantes.
O secretário-geral reforçou seu pedido de investigação independente das mortes por armas de fogo em Gaza. Israel nega as acusações, alega ser justificado o uso da força para defender sua fronteira e culpa o Hamas.
O chefe da ONU criticou também o Hamas e outros grupos militantes palestinos por tentarem colocar explosivos perto da fronteira com Israel e atirar pedras em direção de Israel nos dias 29 e 30 de maio.
Guterres também mostrou-se descontente com a expansão de assentamentos israelenses em áreas da Cisjordânia, recentemente anunciados pelo governo de Benjamin Nethaniahu.
As atividades de assentamento de Israel “continuam sem diminuir”, acrescentou Guterres, citando a decisão de 30 de maio de aprovar 3.500 moradias na Cisjordânia, o maior terreno de casas novas desde junho de 2017.
(Com AFP)