Segurança que matou jovem no Extra tem condenação por agressão
Davi Ricardo Moreira Amâncio foi sentenciado a três meses de prisão por agredir uma ex-companheira; hipermercado é palco de protesto
Davi Ricardo Moreira Amâncio, de 32 anos, acusado pela morte de Pedro Henrique Gonzaga, de 25 anos, no hipermercado Extra, na Barra da Tijuca, na quinta-feira, 14, não poderia atuar na atividade de segurança privada. Amâncio, que trabalha há pouco mais de um ano na empresa Groupe Protection deveria ter apresentado certidões negativas de antecedentes criminais. De acordo com reportagem exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 17, ele já havia sido condenado a três meses de prisão por lesão corporal depois de agredir uma ex-companheira.
O laudo do IML aponta que a morte do jovem foi causada por estrangulamento. Imagens exibidas pelo Fantástico mostram que o segurança permaneceu sobre Pedro Henrique por pelo menos sete minutos, apesar dos apelos da mãe da vítima. As imagens e o depoimento de uma testemunha à polícia mostram que o segurança respondeu dizendo que a mãe estava mentindo.
O Extra, que pertence ao Grupo Pão de Açúcar, informou que os seguranças envolvidos foram definitivamente afastados e que instaurou uma sindicância interna para acompanhar as investigações.
À reportagem do Fantástico, o advogado da Groupe Protection declarou que a checagem da ficha criminal cabe à Polícia Federal e não à empresa. A exigência faz parte da portaria nº 3.233/2012, do Ministério da Justiça, que regula a atividade de segurança privada.
O segurança informou depois à polícia que ficou fazendo peso em cima de Gonzaga, no chão, porque pensava que o jovem fingia um desmaio. Ele negou ter aplicado o mata-leão (tipo de golpe em que o opositor é estrangulado). Amâncio vai responder por homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar. Ele foi liberado pela polícia após prestar depoimento e pagar fiança de R$ 10 mil.
Manifestação
Um protesto contra a morte de Pedro Henrique levou dezenas de pessoas ao estacionamento do hipermercado na tarde deste domingo, 17. A manifestação foi convocada por vários grupos de ativistas, ligados principalmente ao movimento negro e contou com a presença da ex-governadora Benedita da Silva (PT) e do ator Aílton Graça.
O grupo começou a se reunir pela manhã no estacionamento. Munidos de cartazes com os dizerem “Vidas negras importam” e “Minha cor não é um crime”, pediam o boicote à rede. Alguns clientes que chegavam para fazer compras desistiram de entrar depois de abordados por manifestantes.
Em nota, o Extra lamentou o episódio e informou que os seguranças envolvidos foram afastados. A empresa instaurou sindicância interna para acompanhar as investigações.”Independentemente do resultado da apuração dos fatos, nada justifica a perda de uma vida”, declarou a empresa.
(Com Estadão Conteúdo)