O ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro, o médico Sérgio Côrtes, teve a prisão decretada pelo juiz Marcelo Bretas por tentar atrapalhar as investigações do Ministério Publico Federal e a Polícia Federal. Em março, ele procurou o ex-braço direito, Cesar Romero, ao descobrir que este havia fechado acordo de colaboração com as autoridades. Numa conversa, gravada por Romero, Côrtes tentou combinar as declarações que ambos fariam à Justiça, estabelecendo-nos alvos que seriam delatados e poupando outros envolvidos no esquema de corrupção que desviou pelo menos 300 milhões de reais dos cofres do Estado entre 2007 e 2016.
A informação foi confirmada por um dos procuradores da Lava Jato no Rio de Janeiro, Eduardo El-Hage. “O senhor Côrtes procurou o colaborador para combinar versões para uma possível delação premiada. E disse: ‘Se você falar uma coisa, é eu outra, isso pode prejudicar nós dois'”, explicou o procurador. A VEJA ainda não localizou a defesa dos envolvidos.
Côrtes, um dos homens de confiança de Sérgio Cabral ao longo de toda a sua gestão, chegou a negociar um acórdão de delação premiada. Com a gravação, ficou claro que ele tentava manipular os depoimentos. “Nessa conversa ele confessa a prática de crimes, indica temas que estaria disposto a falar. E ainda enviou um emissário se oferecendo a pagar os advogados”, contou o procurador.