O presidente Michel Temer (PMDB), que acompanha a greve geral do Palácio do Planalto, irá repetir estratégia adotada pela então presidente Dilma Rosseff (PT) e não irá fazer pronunciamento sobre o dia 1º de Maio, Dia do Trabalho, na próxima segunda-feira – nesta sexta-feira, ele gravará um vídeo sobre o dia, que circulará apenas nas redes sociais.
Dilma adotou a estratégia pela primeira vez em maio de 2015, quando seu governo já enfrentava vários protestos, sua popularidade era baixíssima e ganhava força a tese do impeachment. A intenção da petista era evitar panelaços, forma de manifestação que se tornou comum no seu segundo mandato. Antes, desde 2011, quando assumiu o governo, ela sempre falara em cadeia de rádio e TV sobre temas como crescimento do emprego e correção da tabela do Imposto de Renda.
Em maio de 2016, Dilma chegou a participar de ato da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, onde anunciou um pacote de medidas sociais – entre elas o reajuste de 9% no Bolsa-Família – e denunciou o que chamou de “golpe” em andamento contra seu governo. Onze dias depois, ela foi afastada do cargo.
Já no vídeo que irá disponibilizar nas redes sociais, Temer deverá fazer uma defesa das reformas trabalhista e da Previdência, principais motivos da greve geral em andamento no país nesta sexta-feira. As duas propostas estão em tramitação no Congresso Nacional e enfrentam dificuldades. A trabalhista foi aprovada na Câmara nesta semana, em primeira votação, com 296 votos, número insuficiente para passar a reforma da Previdência, que, por ser mudança constitucional, precisa de 308 apoios. Além disso, o governo enfrentou mais de 80 “traições”, de todos os partidos da base, inclusive o PMDB.
Nesta sexta-feira, Temer chegou ao Planalto às 10h e despachou com o ministro da Secretaria-Geral, Moreira Franco. Por volta das 11h15, Temer estava reunido com o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy. Depois, receberá a ministra da Advocacia-Geral da União (AGU), Grace Mendonça. Há a previsão de que Moreira Franco – que é responsável pela comunicação do Planalto – possa fazer um “balanço” no fim do dia. A iniciativa, ainda não confirmada, era comum durante o governo de Dilma, que escalava ministros para conversarem com a imprensa sobre as manifestações.
No final da tarde, há um protesto previsto para a frente da casa de Temer em São Paulo, no Alto de Pinheiros, bairro nobre da zona oeste de São Paulo. O presidente e sua família estarão em Brasília, mas a segurança será reforçada na região, com bloqueios policiais e de trânsito – a ideia da Polícia Militar é impedir que os manifestantes cheguem à residência do peemedebista. O ato é convocado por centrais sindicais e grupos de esquerda, como as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo.
(Com Estadão Conteúdo)