O ministro da Justiça, Torquato Jardim, anunciou nesta quinta-feira (22) a formação de uma ação integrada entre os estados de São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais para se prevenir das “eventuais e muito prováveis” consequências da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Jardim também não descartou que haja ações preventivas em outros estados, além dos que fazem divisa com o RJ.
Torquato Jardim se reuniu na capital paulista com os secretários da Segurança Pública paulista, mineiro e capixaba. Ele também anunciou que haverá “cooperação política, financeira e operacional” entre o governo federal e os estaduais e que, “se necessário”, a União fornecerá auxílio financeiro e equipamentos. O ministro da Justiça, contudo, não citou valores específicos.
Na reunião com os responsáveis pela segurança pública nos três estados, foi definida uma ação de cooperação e troca de informação entre as equipes de inteligência. Ele negou que haja temor de fuga de criminosos para outras regiões. O ministro disse que a intenção é interromper o fluxo de armas e drogas que pode ser alterado diante da intervenção no Rio.
Após a reunião, o ministro Torquato Jardim anunciou a assinatura de um protocolo de cooperação com o Estado de São Paulo para permitir que a Polícia Rodoviária Estadual, que responde à Polícia Militar, possa abordar veículos em rodovias federais que fazem a ligação com o ao Rio de Janeiro. O documento permitirá que a polícia de São Paulo atue na “repressão, fiscalização e multas que forem necessárias em hipóteses legais” nas rodovias Dutra e Fernão Dias.
No Rio de Janeiro, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, reconheceu que “há uma preocupação” no governo com a possibilidade de “migração do crime”, após a intervenção federal. Jungmann citou, no entanto, que isso “acontece sempre que as forças de segurança agem com mais rigor” em uma determinada região. Ele acrescentou que a “migração” já ocorre, por exemplo, dentro do próprio Rio de Janeiro, ou em Pernambuco, ou Goiás.
As declarações de Jungmann foram dadas na saída da reunião do Conselho Militar de Defesa, que contou com a participação do presidente Michel Temer e dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Não houve, entretanto, nenhum detalhamento do planejamento da operação das Forças Armadas na intervenção.
Operações locais
Em São Paulo, a polícia prepara ações para fazer frente à necessidade de se ampliar a presença de agentes de segurança no Vale do Paraíba e no litoral norte. A inteligência da polícia está preparando um relatório que deve ser apresentado nesta sexta-feira (23) sobre a movimentação de criminosos na divisa entre o estado e o Rio.
O secretário de Segurança de SP Mágino Alves Barbosa Filho descartou, por enquanto, a possibilidade de deflagrar operações ou de fuga de criminosos para São Paulo. “Na instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) no Rio, fizemos monitoramento para saber se houve migração de criminosos para cá. E não houve.”
Entre as possibilidades estudadas está o envio de homens da Tropa de Choque para reforçar o patrulhamento das duas regiões, ampliando o efetivo do Comando de Policiamento de Área do Interior-1, de São José dos Campos. A situação atual ainda preocupa Espírito Santo e Minas
O secretário da Segurança Pública do Espírito Santo, André Garcia, afirmou que serão monitorados 198 quilômetros de fronteiras do estado o Rio e Minas. A operação tem previsão de durar pelo menos dois meses e meio. Ao todo, serão montados oito pontos de bloqueio, mas somente um, que ficará na BR-101, foi divulgado.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais informou que “está preparada nas áreas de inteligência e operacional para possíveis reflexos da ação em nosso território de divisa”. “O comando da Polícia Militar, de maneira preventiva, já anunciou reforço de policiamento nas áreas limítrofes.”
(com Estadão Conteúdo)