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Um país inovador?

Possível é. Mas precisamos trabalhar

Por André Lahóz Mendonça de Barros
Atualizado em 4 jun 2024, 16h07 - Publicado em 24 Maio 2019, 07h00
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  •  (Weberson Santiago/VEJA)

    Mens et manus — mente e mãos. Esse é o lema do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o mítico MIT, desde seu surgimento, em 1861, na cidade de Cambridge, na Costa Leste dos Estados Unidos. É uma referência à junção do ensino acadêmico com o técnico, um conceito que os americanos importaram da Alemanha naqueles tempos de industrialização acelerada. Outra forma de interpretar mens et manus: a ciência alarga as fronteiras do conhecimento, mas ela pode e deve andar ao lado das aplicações práticas. O MIT se tornaria talvez a estrela mais brilhante na constelação de inovação montada pelos americanos, um ecossistema completo formado por universidades, centros de pesquisa, empresas, mercado financeiro, governo. Cerca de noventa pesquisadores e ex-­alunos do MIT são vencedores do Prêmio Nobel.

    O MIT foi peça marcante na criação de uma de nossas raras estrelas, o ITA — e, como conse­quên­cia, da Embraer. O Instituto Tecnológico de Aeronáutica surgiu da iniciativa de um visionário militar cearense, Casimiro Montenegro Filho. Em missão como piloto durante a II Guerra, ele viajou aos Estados Unidos e aproveitou para conhecer o MIT. Encantado, empenhou-se na idealização de um centro de tecnologia de aviões no Brasil. Um professor licenciado do MIT, Richard Smith, ajudou no projeto acadêmico, e o ITA foi criado, em 1950, com vários professores americanos. Smith foi o primeiro reitor.

    Por que inovamos pouco? Três pesquisadores do MIT acabam de lançar o livro Inovação no Brasil — a versão em português sairá em outubro. A boa notícia: temos uma base relativamente sólida para trabalhar, com muitos doutores e bons centros — Embrapa, Fapesp e outros. O Brasil investe 1,2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento. É o dobro da média do investimento da América Latina, superior ao da Rússia e Índia, e semelhante ao da Itália e Espanha. No mundo emergente, só estamos muito atrás da China, que já está jogando numa espécie de Champions League da inovação.

    Mas desse esforço pouco se transforma em resultado. Empresas respondem por menos de 20% do investimento no Brasil — na OCDE a média é de quase 70%. Produzimos poucas patentes. O ecossistema público é fragmentado: muitos órgãos são criados, não são articulados, poucos “morrem” uma vez cumprida a missão. Não avaliamos resultados. As agências de inovação têm, em média, um presidente novo a cada ano. Vários devem o cargo a indicações políticas. Os melhores casos de sucesso, aliás, são de órgãos que se mantiveram abaixo do radar do mundo político.

    Há uma série de recomendações para o Brasil. Universidades precisam estar mais presentes na chamada tríplice hélice da inovação — as outras duas são empresas e governo, para usar o modelo desenvolvido por Henry Etzkowitz e Loet Leydesdorff nos anos 1990. Os pesquisadores devem poder empreender. É melhor concentrar esforços e recursos. Precisamos de mais integração com o mundo, até para facilitar a importação de tecnologia — novamente a Embraer surge como exemplo virtuoso.

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    Com tanta bagunça em nossa política, fica difícil pensar nessas coisas. Mas uma hora precisamos começar — ou vamos seguir acumulando décadas perdidas.

    Publicado em VEJA de 29 de maio de 2019, edição nº 2636

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