As 62 pessoas que estavam no avião da Voepass que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, na última sexta-feira, 9, morreram por politraumatismo, segundo o Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo.
“Temos a certeza científica de que todos morreram de politraumatismo”, afirmou nesta segunda em entrevista coletiva Vladimir Alves dos Reis, diretor do IML, após o instituto finalizar a análise dos corpos.
“A aeronave despencou de uma altura de 4.000 metros e, ao atingir o solo, o choque é muito grande, e todos eles sofreram o politraumatismo.” Alguns corpos foram carbonizados em função do incêndio que tomou a aeronave após ela cair.
Até a tarde desta segunda, 27 corpos haviam sido identificados e 12, liberados aos familiares, que são os primeiros a serem comunicados sobre o andamento dos trabalhos. Das 27, 23 vítimas foram identificadas pelas impressões digitais e quatro, por meio da análise da arcada dentária.
Na última sexta-feira, 9, o voo da linha aérea Voepass (antiga Passaredo) decolou de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos, mas perdeu o controle por volta das 13h20 e caiu, causando a morte de todos os 58 passageiros e 4 tripulantes a bordo.
Área liberada
Na manhã de hoje, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) — órgão da Força Aérea Brasileira (FAB) que apura ocorrências no setor aéreo — concluiu a etapa inicial de inquérito e remoção de destroços da aeronave em Vinhedo. Segundo a assessoria do Cenipa, o local foi liberado para que a Voepass recolha os pertences das vítimas para entregá-los aos familiares.
A FAB informou, ainda, que colocou à disposição um avião de carga KC-390 Millennium para transporte das urnas funerárias das vítimas. A aeronave militar já pousou na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos, e aguarda direcionamento pelas autoridades.
Queda ocorreu a mais de 150 km/h
As causas da tragédia ainda são investigadas pelo Cenipa e pela Polícia Federal. Dados do sistema de ocorrências da FAB indicam que a queda aconteceu às 13h20, e o acidente é listado apenas como “perda de controle em voo”.
O episódio é o mais letal do tipo no Brasil desde 2007, quando um avião da TAM colidiu com um prédio no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e deixou 199 pessoas mortas.
Segundo o monitor global de voo FlightRadar, o avião de passageiros da Voepass perdeu quase 4.000 metros de altitude em 93 segundos, o equivalente a uma velocidade de queda acima de 152 quilômetros por hora.
Autoridades informaram que o último contato entre a aeronave e a torre de controle foi registrado às 13h20 e que não houve comunicação de emergência pelos pilotos — às 13h22, o veículo já havia atingido o solo.
De origem francesa, o avião do modelo ATR-72-500 foi fabricado em 2010 e voou a serviço de companhias aéreas da Itália, Albânia e Indonésia até ser emprestado à Voepass, em 2022, pela empresa de leasing Nordic Aviation Capital (NAC), da Dinamarca. No Registro Aéreo Brasileiro (RAB), a aeronave consta como propriedade do fundo de investimentos britânico Wilmington Trust, um dos principais acionistas da NAC.