Após ter sido chamado de “traidor” por um grupo de policiais civis e federais, em razão de um impasse envolvendo a aposentadoria da categoria na discussão da reforma da Previdência, o presidente Jair Bolsonaro indicou nesta quarta-feira, 3, na chegada a evento em São Paulo, que pretende atuar para solucionar a questão. Enquanto se dirigia ao local do evento, o presidente apontou para um grupo de policiais militares a trabalho e disse: “Vou resolver o caso de vocês, viu?”.
Em discurso, posteriormente, Bolsonaro afirmou aos policiais: “A reforma da Previdência atenderá a todos, fiquem tranquilos meus colegas das forças auxiliares, o sacrifício tem de ser dividido por todos”, disse o presidente.
As declarações foram direcionadas aos policiais militares. Porém, as regras de aposentadoria de policiais militares não serão tratadas neste momento da reforma da Previdência, porque são equiparadas às dos militares das Forças Armadas, que serão discutidas em outro projeto.
As falas de Bolsonaro envolvem a questão da aposentadoria de agentes de seguranças públicas. Parte da bancada de policiais do PSL na Câmara dos Deputados ameaça não votar a reforma da Previdência caso as regras para a categoria não sejam flexibilizadas. No entanto, pesa contra eles o prazo, já que o objetivo do governo é votar o texto no Plenário até o recesso parlamentar que começa no dia 18 de julho. E para modificar as regras da categoria precisaria ser feito um destaque ao relatório, que, na visão do governo, atrasaria a tramitação. Além disso, a flexibilização atrapalha a retórica do governo de que todas as esferas da população fariam sacrifícios pela reforma.
Durante a leitura do voto complementar pelo relator da reforma na comissão Especial da Câmara dos Deputados, Samuel Moreira (PSDB-SP), na terça-feira, um grupo de policiais protestar contra Bolsonaro na Câmara dos Deputados, aos gritos de “traidor”. Além disso, como informa a coluna Radar, um grupo de deputados da bancada da bala subiu o tom contra o presidente pelo tratamento dispensado aos agentes de segurança pública na discussão da reforma da Previdência.
Em entrevista a VEJA, no entanto, o delegado Waldir, líder do PSL na Câmara, disse que os policiais precisam “fazer um sacrifício” visando a aprovação do texto.
Na manhã desta quarta-feira, o presidente da comissão Marcelo Ramos (PL-AM), se reúne com líderes das bancadas para decidir o calendário da reforma da Previdência. A expectativa do governo é que a votação no colegiado comece ainda nesta quarta-feira e seja finalizada até o fim da semana.
Depois de votada na comissão especial — tanto o texto quanto os destaques —, a matéria segue para o plenário da Câmara dos Deputados. Para ser aprovada, é necessário o voto favorável de 308 dos 531 deputados, em dois turnos de votação. A expectativa de Maia e do governo é de que seja possível votar o texto ainda neste semestre, antes do recesso parlamentar, que começa no próximo dia 18. Depois da Câmara, a proposta segue para o Senado.
(Com Estadão Conteúdo)