Em 1707, o fisiologista e antiquário escocês Robert Sibbald, sugeriu que havia um forte romano em West Dunbartonshire, na Escócia. A hipótese se tornou quase lendária entre os arqueólogos. Isso porque, quase 300 anos depois da insinuação de Sibbald, nenhum traço da construção romana havia sido encontrado. Agora, graças a ajuda da tecnologia, pesquisadores puderam, enfim, confirmar a história quase mítica e, finalmente, encontrar a estrutura que muitos acreditavam ter se perdido no tempo.
Como o forte não está visível acima do solo, os arqueólogos e historiadores empregaram a gradiometria magnética, que consiste em levantamento geofísico que mede pequenas variações no campo magnético da Terra para encontrar, sem a necessidade de escavação, objetos enterrados no subsolo. Com esse recurso, foi possível localizar uma estrutura de pedra, sobre a qual uma grande quantidade de turfa, composto orgânico gerado a partir da decomposição vegetal, foi empilhada para criar uma muralha com mais de um metro e oitenta de altura.
O forte teria sido construído no século II, por ordem do Imperador Antonino Pio, que governou de 138 a 161 d.C. A construção era ocupada por algumas dúzias de soldados, que se revezavam em escalas semanais. Além do muro propriamente dito, a estrutura teria dois pequenos prédios de madeira, que serviam de abrigo para os soldados durante o serviço.
Apesar da aura lendária, o muro não é a primeira descoberta na região, que já mapeou outros 10 sítios arqueológicos semelhantes. Acredita-se, que aproximadamente 41 estruturas desse tipo compunham a chamada Muralha de Antonino, que tinha o objetivo de proteger as fronteiras mais ao norte do império. Pesquisadores sugerem que a fortificação de turfa e pedra foi construída para controlar populações indígenas fronteiriças e garantir uma vitória militar que pudesse ser creditada a Pio que, embora tivesse alçado ao posto de imperador, não tinha grande experiência bélica.
O muro não foi muito longevo, tendo sido usado por aproximadamente 20 anos antes de ser abandonado, mas seu valor histórico, garantiu a inclusão no rol dos seis patrimônios mundiais da UNESCO na Escócia. E ilustra não apenas a capacidade militar do Império Romano, como seu conhecimento de engenharia. Mesmo depois de ter sido finalmente confirmado, o muro ainda reserva alguns mistérios. Por exemplo, até agora não se sabe quais foram os motivos que levaram a decisão de abandonar o forte. No entanto, a mais recente revelação pode marcar uma nova etapa para os conhecimentos que temos sobre um dos mais importantes impérios da história.