Promoção do Ano: VEJA por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Austrália: um país em chamas

Tarimbados em enfrentar incêndios florestais, os australianos fazia décadas não viam um verão com tanto fogo, tantas mortes e tantos animais em perigo

Por Vinicius Novelli Atualizado em 4 jun 2024, 15h09 - Publicado em 10 jan 2020, 06h00

Entra ano, sai ano, a cada verão a Austrália queima. Incêndios engolem a vegetação em todo o país e são sentidos principalmente nas regiões perto da costa, onde se concentra a população dessa ilha que, de tão vasta (pouco menor que o Brasil), ganhou a qualificação de continente. Mesmo acostumados ao desastre, os australianos foram pegos de surpresa desta vez pela intensidade das chamas — produto, ao que tudo indica, da soma de uma das piores secas da história e de temperaturas recordes, ambas efeitos do aquecimento global, porém o país não prima pela atitude responsável em relação às mudanças climáticas. Nos últimos quatro meses, as labaredas destruíram milhares de casas, devastaram florestas e esvaziaram cidades. Pelo menos vinte pessoas morreram e quatro estão desaparecidas. Calcula-se que meio bilhão de animais tenham queimado nas fogueiras deste verão.

Até este início de 2020, uma área de 100 000 quilômetros quadrados havia sido consumida pelas chamas. É pouco se comparada aos 305 000 quilômetros quadrados incinerados no Brasil ao longo de 2019. A diferença é que, aqui, a maior causa de incêndio são as queimadas ilegais, evidentemente criminosas, em pontos específicos de áreas pouco populosas. Na Austrália, ao contrário, o fogo surge na maioria das vezes de uma combinação de pequenos acidentes (jogar bitucas de cigarro perto da vegetação, entre outros) com muito calor e se espalha carregado pelos ventos fortes. Sydney e Melbourne, duas das maiores metrópoles australianas, são vistas nas imagens de satélites da Nasa engolfadas por uma fumaça densa. Cenas de cangurus queimados ou cercados por chamas intransponíveis viralizaram nas redes sociais. A ministra do Meio Ambiente, Sussan Ley, confirmou a extinção de um terço da população de coalas no Estado de Nova Gales do Sul, um dos mais afetados. Lá, a Marinha precisou providenciar a remoção de centenas de turistas acuados entre as chamas e o mar. Além dos mais de 70 000 bombeiros, 3 000 reservistas das Forças Armadas foram convocados para combater incêndios, a maior operação militar desde a II Guerra Mundial.

AUSTRALIA-WEATHER-FIRES
CALOR RECORDE – Fumaça em Nova Gales: a Marinha foi acionada para remover pessoas presas nas praias (Saeed Khan/AFP)

O primeiro-ministro, o conservador Scott Morrison, eleito em maio com uma plataforma de apoio irrestrito à indústria do carvão e ele mesmo cético em relação ao aquecimento global — uma posição replicada pelos governos de outros recordistas em terras calcinadas, como o próprio Brasil e os Estados Unidos —, reagiu pouco e tardiamente aos efeitos dos incêndios e tem visto sua popularidade desabar. Terceira maior exportadora de carvão do mundo, a Austrália figura na lista dos vinte grandes poluidores do planeta. “O governo não quer associar incêndios à mudança climática para proteger a indústria dos combustíveis fósseis, mas está cada vez mais difícil separar as duas coisas”, diz Matt McDonald, professor de política do clima na Universidade de Queensland.

Continua após a publicidade

Em meados de dezembro, a temperatura média na Austrália bateu dois recordes até alcançar 41,9 graus. O verão apenas começou, janeiro e fevereiro costumam ser os meses mais críticos e há previsão de poucas chuvas. Desanimados, os australianos sabem que o quadro deve piorar antes de poderem ter algum refresco. É uma situação dramática, pontuada por imagens chocantes.

Publicado em VEJA de 15 de janeiro de 2020, edição nº 2669

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Veja e Vote.

A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

OFERTA
VEJA E VOTE

Digital Veja e Vote
Digital Veja e Vote

Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

2 meses por 8,00
(equivalente a 4,00/mês)

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

a partir de 49,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.