Assassinados em junho de 2022 por garimpeiros na Amazônia, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista americano Dom Phillips foram homenageados por cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais. Um grupo de estudos liderado por Carlos Augusto Rosa batizaram duas espécies de leveduras fermentadoras recém-descobertas com os nomes de Pereira e Phillips. Da espécie Spathaspora, elas são capazes de transformar a substância d-xilose em etanol e xilitol, um adoçante natural que pode ser usado por diabéticos ou em aplicações biotecnológicas. A descoberta foi publicada na revista científica International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology.
Entre 30% e 50% de todos os novos microrganismos de levedura são encontrados nas regiões brasileiras. “Daí a importância das pesquisas nessa área e também do esforço de Bruno e Dom para preservar o bioma da região. Essa homenagem reconhece, valoriza e homenageia a dupla por seu trabalho em defesa do meio ambiente”, disse Rosa em entrevista ao The Guardian.
As amostras das novas leveduras foram encontradas em uma madeira podre coletada em dois locais diferentes da floresta amazônica no estado do Pará e têm os nomes científicos de Spathaspora brunopereirae sp. nov. e Spathaspora domphillipsii sp. nov.. As descobertas foram feitas por 11 microbiologistas de três universidades, localizadas nos estados de Minas Gerais e Tocantins, e também em Western Ontario, no Canadá.
Dom Phillips residia no Brasil desde 2007 e morava em Salvador, na Bahia. Era casado com a brasileira Alessandra Sampaio e cobria pautas sobre meio ambiente. Bruno Araújo era natural de Recife, onde ainda tem parentes, e era ativista pelos indígenas e suas terras, além de um ex-servidor da Funai. Ambos foram mortos por garimpeiros durante uma viagem ao Vale do Javari, segunda maior terra indígena do Brasil, no extremo-oeste do Amazonas. Três homens estão presos pelo crime.