Canibalismo no paleolítico não era motivado só por fome
Pesquisa revela que carne humana é menos nutritiva que a de outros animais
Os episódios de canibalismo no período paleolítico poderiam ter motivações sociais, não apenas ser uma necessidade de nutrientes, revelou um estudo publicado nesta quinta-feira na revista Scientific Reports.
Há evidências de canibalismo em diversos sítios arqueológicos, praticados por nossos ancestrais e outros hominídeos, como os neandertais. A motivação dessa prática ainda suscita debates. Seria consequência da fome ou teria outras causas?
Para desvendar o mistério, pesquisadores da Universidade de Brighton, no Reino Unido, calcularam o valor energético do corpo humano. Assim, poderiam comparar o aproveitamento nutricional da carne de homens e de outros animais. De acordo com o estudo, o corpo de um adulto de 66 quilos tem 144 000 calorias — os rins, por exemplo, possuem 376 calorias, e o fígado, 128.
Carne humana
Os músculos esqueléticos humanos apresentam calorias similares às de outros animais de peso e tamanho parecidos, como o antílope saiga. A carne é menos calórica, no entanto, do que a de bichos maiores existente naquele período, como o mamute (3 600 000), o rinoceronte lanudo e algumas espécies de cervos.
Para o autor da pesquisa, James Cole, o homem é um bicho relativamente pequeno e tem carne sem grande valor nutricional. Além disso, a opção pelo canibalismo é desafiadora, uma vez que hominídeos podem lutar, fugir e pensar. “Isto pode indicar que as razões que levavam à antropofagia entre hominídeos talvez não fossem puramente nutricionais”, afirma o estudo.
Ao jornal britânico The Guardian, Cole afirmou que indivíduos podem ter sido devorados depois de morrer por causas naturais ou a antropofagia talvez esteja ligada a disputas territoriais.
(Com EFE)