Cientistas criam fórmula para a origem da vida
Americanos acharam um modo químico de juntar ingredientes básicos da vida em um mesmo lugar usando apenas compostos antigos
O começo da vida na Terra foi um processo demorado e complexo que pouco conhecemos. Sabemos, por exemplo, que as primeiras células se formaram há cerca de 4 bilhões de anos. O que não compreendemos, no entanto, são os detalhes que permitiram o desenvolvimento da vida como ela é hoje. Um novo estudo da Universidade de Washington (EUA), publicado nesta segunda-feira, 12, no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, procurou elucidar alguns dos aspectos que levaram ao início da vida no nosso planeta. E tiveram sucesso.
O objetivo dos cientistas americanos era entender um enigma que há muito provoca a curiosidade da comunidade científica. Quando as primeiras células se formaram, em um tipo de sopa de compostos complexos de carbono, elas precisavam absorver alguns dos íons presentes (como o magnésio) nessa mistura para usar no seu metabolismo. Contudo, as cargas desses íons (átomos eletricamente carregados) podiam desestabilizar as células, o que faria com que as membranas fossem desmanchadas, e ocasionaria na morte celular.
Para resolver esse problema e entender os mecanismos que proporcionaram as condições adequadas para a vida na Terra, os pesquisadores decidiram utilizar em seus experimentos apenas moléculas que estavam presentes no planeta há 4 bilhões de anos, em tentativa de reproduzir a situação vivida pelos seres pioneiros. Para imitar a constituição das células, foram usados recipientes microscópicos cheios de fluido e envoltos em membranas feitas de ácido graxos (como teriam sido as estruturas equivalentes daqueles seres).
Como resultado, a equipe descobriu que os aminoácidos (substâncias orgânicas formadoras das proteínas e presentes nas células) teriam assumido o papel de incorporar íons de magnésio às membranas celulares sem desestabilizá-las, impedindo que cedessem. Assim, a célula teria acesso ao íon exigido por seu metabolismo sem correr o risco de ser desmanchada pela carga elétrica do íon.
Além disso, os cientistas concluíram que, como os aminoácidos, moléculas de RNA (ácido que comanda a produção de proteínas e tem um papel importante na codificação genética) também ajudam a solidificar as membranas celulares em situações adversas, fortificando-as.
O trabalho dos pesquisadores indica uma possibilidade segundo a qual íons, moléculas de RNA, membranas e aminoácidos — ingredientes imprescindíveis à vida — poderiam existir em equilíbrio. A pesquisa permite conjecturar, portanto, que as membranas podem ter sido o palco em que compostos essenciais à vida teriam coexistido pela primeira vez. Em outras palavras, está aí mais um passo para se chegar à formulação de qual teria sido a equação química que permitiu existir vida na Terra.